sábado, março 08, 2008

MULHER TIMORENSE

Carregas no olhar
os azuis das montanhas
onde as lágrimas secaram
em esperas...

Esperas que regressem
aqueles que pereceram
às mãos dos ocupantes.
Sentada no tear
teces a tais
e silenciosa continuas a aguardar
que o teu filho, o teu pai, ou teu irmão
voltem para casa,
porque a Libertação (está a chegar) chegou!

Mulher timorense:
com muito carinho
ergues altares e acendes velas,
levas flores aos teus mortos:
ao Manelito,
ao Adelino,
e a tantos outros que pereceram...

Mas tu MULHER TIMORENSE
com tuas mãos, vais construir uma Nação!

Palmira Marques
Coimbra

3 comentários:

  1. CALÇADA DE CARRICHE
    (António Gedeão)

    Luísa sobe, sobe a calçada,
    sobe e não pode que vai cansada.

    Sobe, Luísa, Luísa, sobe,
    sobe que sobe sobe a calçada.

    Saiu de casa
    de madrugada;
    regressa a casa
    é já noite fechada.
    Na mão grosseira,
    de pele queimada,
    leva a lancheira
    desengonçada.

    Anda, Luísa, Luísa, sobe,
    sobe que sobe, sobe a calçada.

    Luísa é nova,
    desenxovalhada,
    tem perna gorda,
    bem torneada.
    Ferve-lhe o sangue
    de afogueada;
    saltam-lhe os peitos
    na caminhada.

    Anda, Luísa. Luísa, sobe,
    sobe que sobe, sobe a calçada.

    Passam magalas,
    rapaziada,
    palpam-lhe as coxas
    não dá por nada.

    Anda, Luísa, Luísa, sobe,
    sobe que sobe, sobe a calçada.

    Chegou a casa
    não disse nada.
    Pegou na filha,
    deu-lhe a mamada;
    bebeu a sopa
    numa golada;
    lavou a loiça,
    varreu a escada;
    deu jeito à casa
    desarranjada;
    coseu a roupa
    já remendada;
    despiu-se à pressa,
    desinteressada;
    caiu na cama
    de uma assentada;
    chegou o homem,
    viu-a deitada;
    serviu-se dela,
    não deu por nada.

    Anda, Luísa. Luísa, sobe,
    sobe que sobe, sobe a calçada.

    Na manhã débil,
    sem alvorada,
    salta da cama,
    desembestada;
    puxa da filha,
    dá-lhe a mamada;
    veste-se à pressa,
    desengonçada;
    anda, ciranda,
    desaustinada;
    range o soalho
    a cada passada,
    salta para a rua,
    corre açodada,
    galga o passeio,
    desce o passeio,
    desce a calçada,
    chega à oficina
    à hora marcada,
    puxa que puxa, larga que larga,[x 4]
    toca a sineta
    na hora aprazada,
    corre à cantina,
    volta à toada,
    puxa que puxa, larga que larga,[x 4]

    Regressa a casa
    é já noite fechada.
    Luísa arqueja
    pela calçada.

    Anda, Luísa, Luísa, sobe,
    sobe que sobe, sobe a calçada, [x 3]

    Anda, Luísa, Luísa, sobe,
    sobe que sobe, sobe a calçada.

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  2. Meu amor, meu amor
    Letra de Ary dos Santos, escrito em 1968. Música de Alain Oulman. Interpretado por Amália Rodrigues no disco Com que Voz.

    Meu amor meu amor
    meu corpo em movimento
    minha voz à procura
    do seu próprio lamento.
    Meu limão de amargura meu punhal a escrever
    nós parámos o tempo não sabemos morrer
    e nascemos nascemos
    do nosso entristecer.
    Meu amor meu amor
    meu nó e sofrimento
    minha mó de ternura
    minha nau de tormento
    este mar não tem cura este céu não tem ar
    nós parámos o vento não sabemos nadar
    e morremos morremos
    devagar devagar.

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  3. A MULHER timorense é grande e merece uma grande homenagem.

    A MULHER timorense esteve sempre presente nos piores momentos para cuidar da sua Nação.

    Silenciosamente, ela vive e dá vida. Ama, aquece, acalma, acarinha, ampara, alimenta.

    A MULHER timorense é a outra face da grande alma timorense.

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