Díli, 06 Mar (Lusa) - A entrega do grupo de Gastão Salsinha e das armas em seu poder deverá realizar-se sexta-feira, "talvez antecedida de uma pequena cerimónia fora de Díli", afirmaram hoje à agência Lusa fontes que acompanham as negociações com o ex-tenente.
Gastão Salsinha, líder dos peticionários das Forças Armadas em Janeiro de 2006, concordou em entregar-se às autoridades timorenses, com o seu grupo, depois de uma reunião em Letefoho, distrito de Ermera, quarta-feira à noite (princípio da tarde em Lisboa).
Fontes judiciais afirmaram, entretanto, que mais cinco mandados de captura foram hoje emitidos para suspeitos de envolvimento no duplo ataque de 11 de Fevereiro contra o Presidente da República e a caravana do primeiro-ministro.
Passa assim para 13 o número de mandados de captura, dois dos quais já cumpridos com a rendição às autoridades de Amaro da Costa, conhecido por Kaer Susar, e de Domingos Amaral.
Fontes militares e internacionais em Díli afirmaram à Lusa que o acordo para a entrega de 32 homens e 18 armas foi atingido "em conversações directas" com Gastão Salsinha, que envolveram a Procuradoria-Geral da República.
Longuinhos Monteiro, o procurador-geral timorense, deslocou-se à frente de uma delegação para o distrito de Ermera (sudoeste de Díli), quarta-feira ao princípio da tarde, chegando ao fim do dia à área onde se encontra Gastão Salsinha.
A reunião directa das autoridades timorenses com Gastão Salsinha, quarta-feira à noite, concluiu três dias de negociações intensas, "através de vários canais e de mensagens trocadas por diferentes intermediários" com o ex-tenente e dele com o seu grupo, segundo as mesmas fontes.
Gastão Salsinha chefia o grupo de homens que acompanhavam antes o major Alfredo Reinado e que atacaram a residência de José Ramos Horta e a caravana de Xanana Gusmão.
O major Reinado morreu no ataque à residência de José Ramos Horta e os fugitivos estão a ser procurados numa operação conjunta das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e da Polícia Nacional (PNTL).
O acordo para a entrega do grupo e das armas, cujos detalhes estavam hoje a ser finalizados, prevê a rendição de um grupo de 28 homens no distrito de Ermera, incluindo Gastão Salsinha, e de mais quatro elementos, que serão trazidos hoje do distrito de Suai (sudoeste do país).
A Polícia das Nações Unidas (UNPol) deverá proceder ao transporte do grupo de fugitivos para Díli, "uma vez que Gastão Salsinha não quer qualquer intervenção das F-FDTL nisso", segundo uma fonte militar.
Rodolfo Tor, comissário da UNPol, não comentou o envolvimento das Nações Unidas no cumprimento do acordo com Gastão Salsinha mas afirmou que as forças da missão internacional "estão prontas" se for necessário.
"Até agora a UNPol não esteve envolvida (na rendição de Gastão Salsinha) mas estamos prontos para assistir quando formos chamados", afirmou Rodolfo Tor na conferência de imprensa semanal da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).
Essa prontidão abrange "a escolta, a detenção ou a protecção" aos elementos procurados pelas autoridades, explicou o chefe da UNPol.
A situação continua calma, sem nenhum dispositivo militar especial visível, nas vilas de Ermera e de Gleno.
PRM
Lusa/Fim
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