Público, 19.03.2008
O Governo timorense resolveu ontem, em reunião extraordinária, propor ao Presidente interino, Fernando Lasama de Araújo, a prorrogação do estado de excepção por 30 dias, passando a chamar-lhe estado de emergência e mantendo-o em vigor até às 24h00 de 22 de Abril, com recolher obrigatório das 23h00 às cinco da manhã.
O Conselho de Ministros entendeu que só com restrição do direito de livre circulação e do direito à inviolabilidade do domicílio é que será possível esclarecer muitas das incógnitas que ainda existem quanto aos incidentes de 11 de Fevereiro, nos quais o Presidente José Ramos-Horta ficou gravemente ferido a tiro.
Segundo o Executivo, as ameaças à estabilidade de Timor-Leste não se dissiparam ainda. Continua em fuga um grupo de homens fortemente armados, aparentemente chefiados pelo antigo porta-voz dos militares que foram saneados, o ex-tenente Gastão Salsinha.
Ramos-Horta passa hoje do Hospital Particular de Darwin para um apartamento da mesma cidade australiana, devendo regressar a Díli "de preferência na segunda semana de Abril".
Isto enquanto a imprensa da Austrália diz que 30.000 dólares (19.000 euros) teriam sido encontrados nas roupas do major rebelde Alfredo Reinado, que a 11 de Fevereiro foi morto à porta do Presidente da República, ainda antes dos tiros disparados contra este. Aquela quantia seria em notas de 100 dólares, segundo uma fonte governamental timorense citada pelo jornal The Australian; esse pormenor reatou as especulações de que Reinado teria poderosos protectores, e que não agiu a título individual.
Já o advogado do major, Benny Benevides, suspeita de que alguém lhe teria colocado o dinheiro nos bolsos depois de ele haver sido abatido na residência de Ramos-Horta, no Boulevard John F. Kennedy. E a última pessoa a haver estado com ele, na noite anterior, a sua amiga Angelita Pires, de dupla nacionalidade timorense e australiana, negou ter-lhe dado dinheiro. Apenas lhe teria oferecido um telemóvel, porque se estava a aproximar o Dia dos Namorados.
Enquanto isto, o representante especial da ONU em Díli, Atul Khare, agradeceu publicamente à Comissão Europeia o apoio dado ao manter em Timor-Leste, nestes últimos 11 meses, a fim de o aconselhar, Sónia Neto, uma conselheira da presidência de Durão Barroso. De 2001 a 2006, ela fora chefe de gabinete de Ramos-Horta, quando este era ministro dos Negócios Estrangeiros.
Ramos-Horta deseja regressar a Díli "o mais depressa possível, de preferência na segunda semana de Abril"
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