segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Timor-Leste: Ramos-Horta esteve uma hora à espera de assistência, GNR foi a primeira a chegar

Lisboa, 11 Fev (Lusa) - O Presidente timorense ficou mais de uma hora no quarto da sua residência, em Díli, à espera de socorro, após o ataque de que foi alvo, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste.

Zacarias da Costa, que esteve junto de Ramos-Horta, no bloco cirúrgico do hospital militar australiano em Díli, disse que Ramos-Horta foi atacado em sua casa, na Boulevard JF Kennedy esta manhã na capital timorense em circunstâncias ainda pouco claras, quando o chefe de Estado se preparava para o seu passeio matinal ou já a partir para o dia de trabalho, na abertura do encontro de ministros da Justiça da CPLP.

"Ninguém partiu logo em seu socorro", adiantou o governante timorense em contacto telefónico feito pela Lusa a partir de Lisboa. "As forças da ONU fecharam a estrada mas não o socorreram de imediato e ele ficou mais de uma hora deitado no seu quarto à espera que alguém o socorresse", acrescentou.

Segundo disse hoje à Lusa João Carrascalão, dirigente da União Democrática Timorense (UDT), os efectivos da GNR foram os primeiros a socorrer o Presidente timorense José Ramos-Horta, que continua a ser sujeito a uma intervenção cirúrgica no hospital militar australiano em Díli,
"Está estável. Não está a melhorar, mas está estável", disse à Lusa João Carrascalão num contacto telefónico no hospital em Díli - onde se encontra José Ramos-Horta.

Zacarias da Costa, ministro dos Negócios Estrangeiros disse à Lusa que "pelo menos duas pessoas morreram" no ataque à residência de Ramos-Horta, mas o ministro timorense desconhece ainda as suas identidades. O chefe da diplomacia timorense confirma que "também o primeiro-ministro foi atacado à saída de sua casa", em Balibar, na encosta das montanhas que cercam Díli.

Um avião foi pedido à Austrália para transportar o Presidente timorense para Darwin, informou.

Zacarias da Costa esteve junto de Ramos-Horta no hospital, há cerca de 45 minutos, num momento em que os médicos tentavam extrair uma das duas balas que o atingiram: "uma nas costas e passou para o estômago, a outra passou de raspão."

Também João Carrascalão esteve junto de Ramos-Horta e conta que "ele foi sujeito a uma primeira intervenção cirúrgica que terá sido para lhe retirar a bala. Quando estive com ele, antes, estava consciente e lúcido, mas não falou. Perdeu muito sangue e estava com dores", explicou.

Carrascalão criticou a acção das forças policiais da ONU e explicou que o Chefe de Estado timorense foi transferido por uma ambulância do hospital Guido Valadares, em Díli.

"O que é grave é que a UNPOL (Polícia das Nações Unidas) chegou ao local, ficou a 300 metros e não deu qualquer assistência ao Horta. Foi a GNR que foi lá socorrê-lo", disse.

"O Hospital Guido Valadares foi alertado e foram eles que mandaram uma ambulância para o trazer para aqui", afirmou.

João Carrascalão manifestou-se "muito preocupado" pelos ataques de hoje de manhã, que considerou "premeditados e concertados" contra José Ramos-Horta e Xanana Gusmão.

"As coisas vão piorar. Ninguém pensava que fossem fazer fogo sobre o presidente, em especial porque era o único nas negociações (entre Alfredo Reinado e as autoridades) que era aceite pelas duas partes", afirmou.

Carrascalão disse que os ataques a Ramos-Horta e a Xanana Gusmão foram concertados e premeditados " para coincidir com a visita dos ministros da CPLP e para desacreditar o governo e as forças de segurança".

"Tudo indica que eram do mesmo grupo, dividido em dois. O que atacou o Horta tinha carros e motas", afirmou.

HB/PSP

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