Lisboa, 21 Fev (Lusa) - O presidente de Timor-Leste "estará ainda muito confuso" para falar sobre o atentado de que foi vítima a 11 de Fevereiro, embora saiba ter sido alvejado, afirmou hoje o director do Royal Darwin Hospital.
Len Notaras sublinhou que José Ramos-Horta, ferido com gravidade num ataque contra a sua residência em Díli, em que o major Alfredo Reinado, principal suspeito, foi abatido a tiro, "terá consciência de que foi alvejado" e que estará ainda "confuso" sobre os pormenores.
"Ele (Ramos-Horta) sabe, com certeza, que foi alvejado e que isso foi uma experiência traumática. Quanto aos responsáveis pelo ataque e aos restantes pormenores, já não terei tanta certeza. Diria que, devido ao trauma, haverá provavelmente ainda grande confusão", afirmou Len Notaras à agência France Presse.
O director do Royal Darwin Hospital adiantou ser também "provável" que Ramos-Horta, já operado em cinco ocasiões - uma ainda em Díli e quatro naquela cidade do norte da Austrália -, esteja ainda "pouco seguro sobre os pormenores do ataque depois de ter estado inconsciente por tanto tempo".
O presidente timorense, que esteve até quarta-feira num regime de coma induzido, "não viveu os últimos dez dias da sua vida", lembrou Len Notaras.
"Assim que recuperar a capacidade de orientação, será já capaz de conseguir maior clareza nos seus pensamentos. Mas é preciso que o mantenhamos relaxado e livre de qualquer ambiente de stress para que possa permitir que o seu corpo recupere", acrescentou.
Hoje, em declarações à Agência Lusa, uma irmã de Ramos-Horta indicou que o presidente timorense continua a "recuperar bem", pergunta pela família e amigos, mas ainda não falou sobre o ataque que sofreu a 11 de Fevereiro.
"Ele está como ontem [quarta-feira]. A recuperar bem, não tem febre e tem uma voz mais clara", contou Romana Horta, salientando que o presidente timorense ainda não falou nem perguntou nada sobre o ataque, referindo-se apenas a familiares e amigos.
"Ele fica é com os olhos muito assustados quando houve algum barulho ou ruído maior. Contudo, não fala sobre o acidente e nós também não perguntamos", referiu, acrescentando que o presidente está acompanhado pela mãe, por um irmão e pelo cunhado João Carrascalão.
Um duplo atentado visou a 11 de Fevereiro o primeiro-ministro Xanana Gusmão, que escapou ileso, e o presidente e prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, que ficou gravemente ferido e teve de ser transferido para Darwin.
O Royal Darwin Hospital salientou hoje, no último boletim médico sobre o presidente timorense, que Ramos-Horta está a "acordar lentamente da sedação" e confirmou que "disse algumas palavras aos seus familiares".
Os médicos dizem também que Ramos-Horta deverá continuar na unidade de cuidados intensivos por mais tempo e provavelmente será submetido a "outra cirurgia menor".
Os médicos australianos têm-se mostrado confiantes na recuperação total de Ramos-Horta, admitindo que venha a ter alta hospital dentro de três semanas e uma recuperação total no prazo de seis meses.
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1 - O motorista do Xanana, Adolfo Suarez dos Santos disse conforme texto do The Australian de 21/02 que “por volta das 6.15 am na última Segunda-feira, um dos conselheiros do Primeiro-Ministro, Joaquim Fonseca, lhe ligou a dizer que o complexo do Presidente José Ramos Horta estava sob ataque”, conforme:
ResponderEliminarhttp://timor-online.blogspot.com/2008/02/gusmao-driver-tells-of-headlong-flight.html
2 - Porém no texto da Lusa de 20/02 “Cronologia dos acontecimentos de 11 de Fevereiro relatados pela investigação das Nações Unidas” diz-se que foi apenas às “06:59 - Primeira chamada para o Centro Nacional de Operações, devido ao tiroteio” conforme:
http://timor-online.blogspot.com/2008/02/cronologia-dos-acontecimentos-de-11-de.html
3 - E no texto do smh.com.au de 18/02 lê-se que “ O Sr Fonseca disse que chamou o oficial de ligação civil da força de estabilização, Dillon Walsh, na linha directa por volta das 7.50 am na Segunda-feira (...) O Sr Fonseca disse que tinha acabado de falar com o Sr Gusmão no seu esconderijo” conforme:
http://timor-online.blogspot.com/2008/02/call-for-rescue-helicopter-ignored.html
Isto significa que o Xanana saiu de casa já DEPOIS do “incidente” do PR (e quando este estava prestes a chegar ao Hospital no Heliporto em Díli), despreocupadamente, pois nem telemóvel levou e o do seu condutor tinha a bateria em baixo!
Mas - tão ou mais espantosamente! - nem ele Xanana, sequer tomou a precaução de alertar as autoridades sobre os tiroteios que desde as 6.15 am sabia que tinham ocorrido na casa do PR, nem instruiu o seu conselheiro para o fazer pois é o próprio quem confessou que apenas às 7.50 contactou com a ISF!
Não acham que é NEGLIGÊNCIA a mais?