Estrasburgo, França, 19 Fev (Lusa) - O Parlamento Europeu vai debater e adoptar quinta-feira uma resolução sobre a situação em Timor-Leste, na qual exorta todas as partes a não tentarem tirar proveito da situação de fragilidade resultante dos ataques ao presidente e primeiro-ministro timorenses.
A discussão no hemiciclo de Estrasburgo, que se desenrolará no quadro de debates sobre direitos humanos, democracia e Estado de Direito, foi agendada de urgência na semana passada, após o duplo atentado de 11 de Fevereiro, no qual o chefe de Estado de Timor-Leste, José Ramos-Horta, foi gravemente ferido.
Os diversos grupos políticos do Parlamento Europeu estão ainda a discutir o texto final da resolução comum que será aprovada quinta-feira à tarde, mas, de acordo com os projectos de resolução, a assembleia deverá reiterar a sua solidariedade às autoridades timorenses, instar a União Europeia e comunidade internacional a manterem e reforçarem o seu apoio a Timor-Leste e sublinhar o papel das Nações Unidas no território.
Condenando veementemente os ataques contra Ramos-Horta e Xanana Gusmão, o Parlamento Europeu vai saudar a abertura de uma investigação aos atentados, pela ONU e polícia timorense, solicitando que o relatório preliminar completo seja entregue "o mais rapidamente" possível ao Procurador-Geral de Timor-Leste.
Os eurodeputados vão exortar todos os partidos em Timor-Leste a "não tentarem tirar proveito da situação de fragilidade" resultante dos ataques e a cooperarem com os órgãos políticos que saíram das eleições presidencial e legislativas de 2007, sublinhando também "a importância de um comportamento exemplar por parte dos países vizinhos de Timor-Leste".
Os projectos de resolução ainda em discussão apontam todos para a necessidade de todas as partes, quer a nível interno, quer a nível da comunidade internacional, trabalharem em conjunto para consolidar o Estado de Timor-Leste, a sua independência e soberania, e reforçar as instituições democráticas desta "jovem nação".
Entre os autores das propostas de resolução encontram-se os eurodeputados portugueses Ana Gomes e Emanuel Jardim Fernandes (pelos Socialistas Europeus) e o democrata-cristão José Ribeiro e Castro, autor da proposta do Partido Popular Europeu.
José Ramos-Horta foi ferido a tiro na sua residência em Díli a 11 de Fevereiro, num ataque em foi morto o major Alfredo Reinado, antigo comandante da Polícia Militar e que estava fugido à Justiça, enquanto Xanana Gusmão escapou ileso a uma emboscada quando se deslocava entre Balíbar e Díli.
O presidente timorense encontra-se hospitalizado em Darwin, norte da Austrália, e já foi submetido a cinco intervenções cirúrgicas.
Na sequência dos ataques, as autoridades timorenses decretaram o estado de sítio no país, com recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00.
ACC.
Lusa/fim
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