quinta-feira, fevereiro 14, 2008

GNR impõe tolerância zero no funeral de Alfredo Reinado

Jornal de Noticias - Quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2008

Orlando Castro
Com Ramos-Horta a recuperar de forma satisfatória, embora se aponte para meio ano de inactividade, as atenções concentram- -se hoje no funeral do major Alfredo Reinado, morto durante o ataque contra a residência do presidente de Timor-Leste. O recolher obrigatório foi prolongado até ao dia 23, cabendo ao subagrupamento Bravo da GNR a segurança durante o funeral, tal como fez em relação aos transporte do corpo para o velório na residência de Vítor Alves, o pai adoptivo, no Bairro Marconi, em Díli, onde deverá ser enterrado.

Dezenas de pessoas aguardaram a chegada do corpo do major gritando "Viva Reinado", "Reinado está vivo" e "Vamos continuar a luta de Reinado". Apesar de ser natural de Maubisse (a 60 quilómetros a sul da capital), será enterrado em Díli por questões se segurança, nomeadamente por se temer que o corpo possa ser raptado.

Paralelamente ao forte dispositivo militar e policial que enquadra as cerimónias fúnebres, Vítor Alves e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, juntaram- -se para apelar à calma e ao respeito pelo luto da família.

As autoridades timorenses temem que os simpatizantes de Alfredo Reinado possam causar problemas, mas acreditam que isso só deverá acontecer dias depois do funeral. E é no sentido de retirar margem de manobra aos seguidores do major que, ontem, o procurador-geral de Timor- -Leste, Longuinhos Monteiro, ordenou a prisão de 18 suspeitos de envolvimento nos ataques contra José Ramos-Horta e Xanana Gusmão e que, segundo as autoridades, podem ser os principais impulsionadores de mais actos de violência.

Afirmando que as provas contra os suspeitos são 99% seguras, Longuinhos Monteiro acredita que as prisões ajudarão também a clarificar as motivações dos ataques e, ao mesmo tempo, a decapitar as tentativas de dar seguimento aos actos do major Alfredo Reinado.

A liderar a lista de suspeitos, e sobre os quais impendem mandados de captura com carácter de urgência, está o antigo tenente Gastão Salsinha, que segundo as autoridades timorenses chefia agora o grupo de revoltosos que fugiu para as montanhas, local onde durante muitos anos ajudou a combater as forças de ocupação indonésias.

Alguns seguidores de Alfredo Reinado presentes no velório, e mau grado a presença da Polícia e das forças militares, não se inibiram de dizer que vão continuar a luta do major rebelde, enaltecendo as suas qualidade de "defensor do povo". Defensor do povo porque, dizem alguns dos seus apoiantes mais politizados, "Reinado defendia as mesmas ideias de Ramos- -Horta no tempo em que este afirmava que enquanto houver miséria não haverá uma paz verdadeira".

As ameaças estão a ser levadas muito a sério pelas forças de segurança, e o próprio comandante da GNR em Timor-Leste, capitão Martinho, acredita que a aparente calma que se vive em Díli poderá ser quebrada a qualquer momento. ###

Sem comentários:

Enviar um comentário