Lisboa, 22 Jan (Lusa) - O Presidente timorense afirmou hoje que não está nada satisfeito com a política dos Estados Unidos em relação a Cuba, "ditada", no seu entender, "pelo eleitorado cubano na Flórida".
Em declarações à Agência Lusa, José Ramos-Horta comentava o recente episódio ocorrido em Timor-Leste, em que quatro médicos cubanos pediram asilo político aos Estados Unidos, alegando que a "brigada sanitária" em que estão inseridos reproduz no país o controlo e repressão do regime de Havana.
Os médicos, que há três meses vivem escondidos em locais diferentes em Díli, acusam a sua embaixada de gerir a "exportação da tirania" de Cuba para Timor-Leste.
"Não acredito nada nesta história de asilo político. Com toda a franqueza, pessoalmente, não acredito nada no argumento do pedido de asilo", frisou o Presidente timorense a partir de Milão (Itália), depois de contactado pela Lusa via telefone.
"Há uma lei, passada pelo Congresso (norte-americano) que garante a qualquer médico cubano, quer esteja em Cuba ou noutro país a trabalhar, que se quiser ir para os EUA sem tratamento especial é automaticamente aceite", acrescentou.
No seu entender, torna-se, assim, "natural" que, havendo um país, como Cuba, onde os médicos "ganham pouco", se surgirem os EUA a "oferecer privilégios de médico", tal "incentive e encoraje qualquer um".
"Não estou a gostar nada dessa brincadeira dos nossos amigos americanos", afirmou Ramos-Horta, para quem a política norte-americana em relação a Cuba "é absurda" e "ditada pelo eleitorado cubano na Flórida".
"Andam a aproveitar-se de um país pobre, como Cuba, que ajuda imenso países pobres da América Latina e Timor-Leste, com centenas de médicos, tudo a expensas deles. E vêm os americanos, por trás, a acenar dólares para tentar fazer fugir médicos cubanos.
Não tem nada a ver com política, é sim oportunidade económica. Não tem nada a ver com o regime em Cuba", salientou.
Ramos-Horta, que pensa deslocar-se a Washington em Abril próximo, a convite de "amigos senadores e de (o cantor e compositor) Paul Simon", adiantou à Agência Lusa que, nessa altura, repetirá em solo norte-americano o que pensa sobre a política dos Estados Unidos sobre Cuba.
"Em Washington repetirei o que, para mim, constitui a política norte-americana em relação a Cuba, que é um absurdo e ditada pelo eleitorado cubano na Flórida", insistiu.
Segundo Ramos-Horta, a questão do pedido de asilo político "deixa, assim, de fazer sentido".
"(Os médicos cubanos) estão em Timor-Leste, que é um país democrático, livre e sem quaisquer problemas. Vieram com contrato e alguns deles até vão passar férias a Cuba.
Vão e voltam a Timor-Leste. Depois, alegadamente, pedem asilo político?", questionou.
Um contingente de quase 230 médicos, a que Havana dá o nome de brigada, está desde 2005 em Timor-Leste, constituindo o pilar do sistema de saúde do país.
Do quotidiano da brigada fazem parte sessões de autocrítica, fixadas em acta, avaliações ideológicas permanentes e uma reunião mensal do PCC em Lahane, na periferia da capital.
JSD/PRM.
Lusa/Fim
Este assunto é demasiado complexo para uma análise superficial.
ResponderEliminarNo entanto, independentemente de ter ou não razão, gostava de ver o "Presiden" Ramos Horta envolver-se de forma tão entusiasmada nos assuntos de Timor-Leste como está nos assuntos de Cuba.