Diário Digital / Lusa
27-01-2008 6:47:00
O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, recorda «um lado bom e um lado mau na passagem pela História» do ex-Presidente Suharto da Indonésia.
«Suharto teve um lado bom e um lado mau» como Presidente da Indonésia, declarou Xanana Gusmão à Agência Lusa.
O ex-comandante da resistência timorense recordou que o ex-ditador indonésio «foi o promotor do desenvolvimento de um grande país, de um país difícil».
«Não foi fácil desenvolver um país assim, que é o quinto país mais populoso do mundo», acrescentou Xanana Gusmão.
Por outro lado, «Suharto teve os seus lados fracos, sobretudo a violação dos direitos humanos, a ditadura e a corrupção», afirmou Xanana Gusmão à Lusa.
«Quando estive na prisão (de Cipinang, em Jacarta), eu costumava encontrar-me com jovens universitários indonésios e dizia-lhes que não podiam olhar apenas para o lado mau mas também para o lado bom para avaliar uma pessoa no fim da sua vida», sublinhou o ex-comandante da guerrilha timorense.
Xanana Gusmão, para quem Suharto «teve algum brilho em várias questões», coloca a ditadura indonésia no contexto da Guerra Fria.
«O relatório da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR) não refere apenas a culpa da Indonésia mas também a culpa de toda a comunidade internacional», explicou.
Xanana Gusmão nunca se encontrou com Suharto, que esteve no poder enre 1965 e 1998.
«Em 2001, fui ao Palácio de Sândalo (em Jacarta), mas Suharto estava doente e encontrei-me com uma das filhas», contou Xanana Gusmão.
«Eu transmiti à filha de Suharto que o importante para nós foi vencer a luta de libertação».
«A filha dele pediu a reconciliação com o povo de Timor e para compreendermos o contexto de reforma que se estava a processar na Indonésia», contou Xanana Gusmão à Lusa.
«Quando eu ganhei as eleições presidenciais (em 2001), Suharto mandou saudações», recorda também o actual primeiro-ministro timorense.
«Recordo-o como um agente histórico, um actor da História do Sudeste Asiático», disse ainda Xanana Gusmão à Lusa.
«Os políticos vendem a sua alma por lucro», escreveu Xanana Gusmão em 1995, na prisão de Cipinang, numa «Carta do Comandante» incluída, em 2005, num álbum exaustivo de fotografias e ensaios que assinalou os 50 anos da independência da Indonésia.
«Os líderes praticam o cinismo, uma política de duas caras cujo objectivo é não apenas a opressão do seu próprio povo mas, ainda pior, são cúmplices da opressão de outros», escreveu o prisioneiro Xanana Gusmão sobre a ditadura de Suharto.
«A verdadeira independência é o reconhecimento da liberdade dos outros», acrescentava a «carta», reproduzida no livro «Indonesia in the Soeharto Years».
Xanana Gusmão acrescenta, na mesma declaração, que «quando (o ex-primeiro-ministro australiano) Paul Keating se inclina perante o assassino Suharto, desce mais baixo do que (o ex-Presidente filipino) Fidel Ramos obedecendo às ordens de Ali Alatas», antigo chefe da diplomacia indonésia.
Em referencia ao paragrafo escrito por Xanana sobre o ditador Suharto que dizia 'os politicos praticam o cinismo ,uma politica de duas caras cujo objectivo e nao apenas a opressao do seu povo mas ainda pior sao cumplices da opressao dos outros' e desalientar que o Xanana estando ja a aplicar tambem o sistema do Suharto em Timor Leste.
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