sexta-feira, janeiro 18, 2008

NO HOSPITAL E NOS TRIBUNAIS

DN
17.01.08

Manuel Queiroz
jornalista

Aos 86 anos, 10 anos depois de ter deixado a Presidência da Indonésia - em que passou 32 anos da sua vida -, Suharto está às portas da morte no Hospital Paetermina, de Jacarta, capital do pais. E mesmo no hospital, onde entrou dia 4 com anemia e dificuldades cardíacas, contam os jornais locais que houve conversações com a família para um acordo em relação às acusações que enfrenta de desvio de fundos da nação e que estão pendentes em tribunal.

Suharto (o seu único nome, como é costume em Java ) - continua a fazer as primeiras páginas dos jornais, como o Jawa Pos. Acusado de matar milhões de pessoas - alguns milhares em Timor-Leste - o segundo Presidente da Indonésia também presidiu ao maior surto de desenvolvimento deste país de 225 milhões de habitantes entre 1970 e 1990 e talvez por isso ainda lhe chamem "Pak Harto", Pai Harto. Foi assim que o homem que lhe sucedeu, Habibie, lhe chamou ontem à porta do hospital, onde tentou visitá- -lo mas não conseguiu por causa dos tratamentos. Habibie vive na Alemanha e foi directamete do aeroporto para o hospital. Nos últimos dias já passaram por lá vários dignitários estrangeiros.

A revista 'Tempo' conta como o paciente do quarto 534 está rodeado dos filhos, sobretudo da filha mais velha, Tutut, que foi ministro, e também antigos ajudantes como Try Sutrisno, que foi vice-presidente, até o general Wiranto, que esteve muito ligado aos massacres em Timor. E como no sábado passado o Presidente da República, Susilo Bambang Yudhoyono (também conhecido pela sigla SBY), mandou o ministro da Justiça, Hendarman Supandji, oferecer à família um acordo fora de tribunal, pelo qual aquela devia pagar uma soma muito avultada, o que deixou Tutut espantada, por o momento ser pouco apropriado para falar de dinheiro...

E as queixas em tribunal contra Suharto - também se pode escrever Soeharto - elevam-se a milhares de milhões de dólares. O filho Tommy foi o primeiro membro da família a ir para a prisão: cumpriu cinco dos 15 anos de pena a que fora condenado em 2002 por mandar assassinar um juiz que o tinha condenado num escândalo de terrenos.

Mesmo no hospital e às portas da morte, Suharto é uma figura do país, por boas e más razões. Tutut diz acreditar que o presidente SBY tomará a melhor decisão sobre os processos do pai.

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