Diário XXI
Suharto definido com um ditador com um lado bom e outro mau
Segunda-Feira, 28 de Janeiro de 2008
O antigo ditador indonésio Suharto morreu ontem, aos 86 anos, num hospital de Jacarta, depois de várias complicações no seu estado de saúde
Conhecido como o «pai do desenvolvimento» da Indonésia, mas também como o dirigente mais corrupto do Mundo, o antigo ditador da Indonésia, Suharto, morreu ontem, aos 86 anos, depois de várias complicações no seu estado de saúde.
Responsável pela eliminação de 800 mil opositores durante o tempo em que liderou com mão de ferro o maior estado muçulmano do Mundo (de 1967 a 1998), Suharto, cuja fortuna pessoal da família está estimada entre os 10 e os 20 milhões de euros, foi ainda o homem que ordenou a invasão de Timor-Leste e o responsável principal pela opressão e repressão vivida em Díli durante cerca de 30 anos, sendo o ponto máximo da violência indonésia o «massacre de Santa Cruz», ocorrido, em 1991, num cemitério de Díli e que viria mesmo a ditar uma série de reacções da comunidade internacional a «condenar» as sucessivas violações dos direitos humanos na Indonésia de Suharto.
“Suharto teve um lado bom e um lado mau”, defendeu Xanana Gusmão, minutos depois de conhecida a morte do ex-ditador. O actual primeiro-ministro timorense elogiou a capacidade de Suharto em “promover o desenvolvimento do quinto país mais populoso do mundo”, mas, não escondeu que a sua face mais negra acabou por ditar a imagem que as pessoas têm dele: “Teve os seus lados fracos, sobretudo a violação dos direitos humanos, a ditadura e a corrupção.
Recordo-o como um agente histórico, um actor da História do Sudeste Asiático”. José Ramos-Horta, presidente da república de Timor-Leste, lembrou que a questão timorense “contribuiu para a queda de Suharto”. O Nobel da Paz defendeu, no entanto, que a queda do regime indonésio se deveu “à corrupção e má gestão do país” feita por Suharto, mas reconheceu que “resta pouco da herança” do ex-ditador.
Francisco Lopes da Cruz, embaixador da Indonésia em Portugal, reagiu à notícia com a ideia de que Suharto “foi um dirigente que deu um contributo muito grande à nação indonésia”. “Creio que Suharto ficará na história, embora a imprensa mundial lhe chame ditador, mas confesso que dele guardo as melhores memórias”, disse Lopes da Cruz, lembrando que os ditadores “resistem até ao último momento” e Suharto resignou assim que percebeu que a sua manutenção no cargo “podia gerar uma guerra civil”. Já Mário Viegas Carrascalão, ex-governador de Timor-Leste sob a ocupação indonésia, recordou Suharto como “um militar forte e um homem de família fraco”.
Sem comentários:
Enviar um comentário