quinta-feira, janeiro 10, 2008

Ex-Presidente indonésio Suharto à beira da morte

Publico.pt
09.01.2008, Jorge Heitor

O estado do antigo Presidente indonésio Mohammed Suharto, na semana passada hospitalizado em Jacarta, voltou ontem a agravar-se, enquanto dezenas de médicos tentavam quase em vão evitar a paragem dos seus órgãos.

Um amigo da família contou à Reuters que os seis filhos e quase todos os genros, noras e netos se encontravam com ele, o que parecia um indício bem claro de que a morte estava próxima, conforme desde domingo se tem vindo a pensar.

"Estamos de prevenção", contou à imprensa a ministra da Saúde, Siti Fadilah Supari, que ontem à noite o visitou, no Hospital Pertamina, um dos principais da capital, onde se encontra a receber cuidados intensivos ao coração, aos pulmões e aos rins.

Todos os pormenores do estado clínico do antigo ditador estão a ser seguidos a par e passo pela classe política do mais populoso dos países muçulmanos do mundo. Sabe-se assim que mais fluidos se lhe infiltraram nos pulmões, que foi detectado sangue nas fezes e na urina e que a hemoglobina desceu.

Aquele a quem em tempos chamaram "o general sorridente" estava evidentemente a finar-se, dez anos depois de haver sido derrubado. Um impetuoso movimento a favor da democratização acabou com as três décadas durante as quais governara com mão de ferro e estivera na origem de muitas mortes: tanto na sequência da sua marcha para o poder, a partir de 1965, como devido à invasão e ocupação de Timor-Leste, a partir de Dezembro de 1975.

No dia 11 de Março de 1966, o Presidente Sukarno passara-lhe o poder supremo, tendo então instituído a Orde Baru (Ordem Nova). Esta passou pela ilegalização do Partido Comunista Indonésio (PKI), cuja influência crescente estava a preocupar os Estados Unidos e outras potências ocidentais.

O balanço da sua administração autoritária deverá vir a ser feito na altura em que lhe redigirem o obituário; mas, entretanto, muitas figuras da classe política e empresarial da Indonésia têm desfilado pelo hospital onde parece estar a passar os últimos dias. Num claro indício de que, apesar de tudo, ainda é uma figura influente e de que, para o bem ou para o mal, deixou um lugar na História do vasto arquipélago situado entre o Sueste Asiático e a Austrália.

O Presidente Susilo Bambang Yudhoyono, o vice-presidente Jusuf Kalla, governadores do Banco Central e ministros têm passado pelo hospital, com ofertas de flores.
Suharto foi o segundo Presidente da Indonésia e governou com mão de ferro, durante mais de três décadas.

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