Blog TIMOR LOROSAE NAÇÃO
Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008
Ramos Horta: O GOZO DE DAR MALAS DE ESMOLAS
António Veríssimo
“É não poder fazer milagre para resolver rapidamente o problema da extrema pobreza. O meu herói é Jean Valjean [de "Os Miseráveis"], condenado por roubar um pão. Eu me defino como o presidente dos pobres. Se fosse rico, sentaria na rua com malas cheias de dinheiro e daria mil dólares a cada pobre que passasse.” – extraído de entrevista de Ramos Horta a SAMY ADGHIRNI – enviado especial ao Rio de Janeiro, da FOLHA DE S. PAULO.
Esta passagem da entrevista de Ramos Horta, dito a Samy, jornalista da Folha de S. Paulo, está de acordo com os ensinamentos e exortações papais que o presidente timorense recebeu em primeira-mão do Papa Ratzinger. É que exactamente hoje na vaticanal ZENIT online vem a referência que assenta que nem luva nas declarações de Ramos Horta.
Diz na Zenit: “Bento XVI propõe aos fiéis que nesta Quaresma descubram Cristo nos pobres através da esmola.
A esmola é precisamente o tema da mensagem que ele escreveu por ocasião deste período litúrgico de preparação para a paixão, morte e ressurreição de Jesus, que neste ano começará em 6 de Fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas. O lema escolhido pelo Papa está tomado de uma das cartas de São Paulo «Cristo fez-Se pobre por vós» (2 Coríntios 8, 9).
«A Quaresma convida-nos a ‘treinar-nos’ espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo», alenta o pontífice na mensagem apresentada hoje aos jornalistas.”
Para quê mais palavras. Horta não iria deixar passar esta oportunidade de agradar ao Papa Ratzinger. Pergunta oportuna, a de Samy Adhgirni, para uma resposta que colava na perfeição nos ensinamentos papais que ainda há pouco Horta teve em Roma. Amén.
A resposta de Horta sobre a esmola e o gostar de dar esmolas evidencia de modo inequívoco a sua deformação e o seu sonho em dar esmolas. Aquilo que Horta deveria ter respondido seria que a sua maior frustração ocorrerá no dia em que não haja quem não precise de esmolas por a sociedade ser justa e os estados cumpridores dos direitos humanos.
Não haver pobres seria o fim do gozo de dar esmolas!
Mas que mentalidades mais depravadas. Do Papa, de Horta e de todos estes hipócritas!
Compreende-se agora porque tudo está pior em Timor-Leste. O povo tem de andar a esmolar, para gozo de uns quantos. Para que a Igreja seja a boazinha, para que o presidente da República “brilhe” com as suas boas e religiosas acções. Para que as Ongs justifiquem as suas presenças e saques financeiros, para sustentar as contas bancárias de uns quantos sacripantas.
Não importa tornar os timorenses auto-suficientes mas sim dependentes das esmolas. Não importa legislar e governar de modo a estabelecer a dignidade e distribuição de riqueza, de empregos, de saúde, de educação, de justiça, que podem acabar com as situações de pobreza…
Importa dar esmolas!
Triste, mesmo muito triste, é um PR de um país com todos os meios para proporcionar ao seu povo uma vida satisfatória, decente e de alguma abundância, ter o sonho e a hipócrita mentalidade de se sentir realizado a dar esmolas, em vez de cumprir as suas funções políticas em prol do bem-estar dos seus compatriotas, usando os recursos de Timor-Leste convenientemente e em benefício dos timorenses, não em beneficio de interesses de estrangeiros seus conhecidos e amigos.
Horta disse muito com o seu sonho. Que afinal é pesadelo de que não se sabe se os timorenses alguma vez sairão.
Depende tudo deles, se atentarem no presidente da República que têm: um “bom samaritano” que tem gozo em dar esmolas, como mandam os ensinamentos papais.
Santa hipocrisia!
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