quarta-feira, novembro 14, 2007

Timor-Leste: CGD perde Casa da Cultura para UE, confirma PR

Lusa - 12 de Novembro de 2007, 16:14

Díli- A Uma Fuko, ou Casa da Cultura, foi atribuída pelo governo timorense à União Europeia (UE), apesar de estar entregue por contrato à Caixa Geral de Depósitos (CGD), confirmou à Agência Lusa o Presidente da República.

"A Uma Fuko ficou atribuída à UE primeiro porque não conseguimos encontrar um edifício para a Comissão Europeia, da qual Portugal faz parte", declarou o chefe de Estado, em entrevista à Lusa.

A mudança de inquilino da Uma Fuko foi decidida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, confirmou José Ramos-Horta.

"O maior aliado que temos na UE é Portugal. Logo, ao atribuirmos a Uma Fuko à UE, estamos a atribuí-la a Portugal", referiu o chefe de Estado na entrevista, antes da partida para uma visita oficial de três dias a Portugal, que começa quarta-feira.

A Casa da Cultura, um edifício emblemático situado diante da baía de Díli, era a Intendência Militar na época colonial portuguesa e foi o Comando Militar durante a ocupação indonésia de Timor-Leste.

A Caixa Geral de Depósitos, a quem o Estado timorense atribuiu o espaço a longo-prazo, tem um projecto de recuperação e investimento na Casa da Cultura, incluindo espaço de exposições e espectáculos, biblioteca, cafetaria, loja multimédia e salas de formação.

"A CGD ia fazer-nos um favor enorme, porque ia investir 600 mil euros para a restauração do edifício e depois iria gerir o espaço para nós", frisou o chefe de Estado.

"Vamos encontrar outro edifício para esse fim", declarou José Ramos-Horta, justificando que a UE "é extremamente importante para Timor-Leste".

"A UE ajuda-nos a fazer o equilíbrio regional. Uma presença forte da UE através da Comissão Europeia ajuda-nos imenso nos equilíbrios que temos que fazer nesta região", explicou.

"Portugal, a França, a Espanha, os países que têm já uma presença aqui, terão um espaço nesse edifício que será atribuído à UE", ressalvou o Presidente da República.

"Em relação à CGD, não é nada problemático", garantiu José Ramos-Horta.

"Fui eu que levantei, há dois anos, a hipótese de a CGD gerir a Uma Fuko. Eles reagiram favoravelmente mas o processo demorou porque o governo anterior a mim queria só dar cinco anos de contrato à CGD", explicou o Presidente da República.

"Quando eu assumi as funções de primeiro-ministro (em 2006), mandei autorizar (o contrato) para 20 anos", acrescentou José Ramos-Horta.

"Só que o projecto nunca mais foi realizado".

Por um lado, "veio a crise" política e militar de 2006. Por outro, "ainda há um ocupante ilegal de um terreno ao lado, que praticamente impossibilitou a obra para a qual o edifício estava destinado".

O ocupante começou por instalar uma barraca e posteriormente construiu uma casa definitiva.

A Comissão Europeia, ao contrário da CGD, "não precisa desse espaço contíguo", notou José Ramos-Horta.

A perda da Uma Fuko pela CGD será discutida em Lisboa entre o Presidente timorense e o presidente da Caixa, afirmou à Lusa fonte oficial.

O Presidente da República visita Portugal a partir quarta-feira, a primeira enquanto chefe de Estado, depois de uma paragem em Singapura em visita privada.

O programa oficial da visita a Portugal é de três dias mas José Ramos-Horta estará no país até domingo, antes de viajar para Madrid, Espanha.

PRM-Lusa/fim

NOTA DE RODAPÉ:

Desculpe?...

O Governo chefiado por Ramos-Horta "entregou" este edifício à Caixa Geral de Depósitos apenas este ano e não como diz Ramos-Horta há dois anos.

E a CGD de imediato começou a sua reconstrução para a transformar num espaço cultural, biblioteca e de acesso à Internet para toda a população, com o respectivo investimento.

Além disso, achamos de muito mau gosto da parte dos responsáveis da Comissão Europeia em Timor-Leste, terem insistido junto do MNE timorense em ficar com o edifício que deixa de ser de utilização pública, um espaço cultural, principalmente numa área quase inexistente em Timor-Leste.

Mas nesta terra ninguém tem vergonha, nem palavra.

Gostaríamos de saber se realmente a CGD "concorda" com esta decisão, ou se foi pura e simplesmente despejada...

Lembramos que este edíficio, foi reconstruído pela Cooperação Portuguesa que financiou quase 10 milhões de dolares para o efeito, e posteriormente vandalizado durante a manifestação organizada pela Igreja Católica contra o Governo de Mari Alkatiri, quando os manifestantes ocuparam este espaço durante as várias semanas que duraram os protestos.

Mas João Cravinho deve achar que vai tudo bem...

3 comentários:

  1. Era interessante saber como desapareceu metade da verba atribuida então. Dizem que se evaporou, mas o Virgílio Smith e C.ª terá muito que contar. Mais a mais RH interveio directamente na conclusão da obra, passando por cima dos técnicos, insistindo que a queria pronta a tempo da Independência. Então, à pressa, pintaram-na com tinta imprópria e...descascou toda. O resto, já é conhecido.

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  2. Gostaria de adiantar que a iniciativa de atribuir este edifício à UE veio totalmente do Estado timorense, tenho conhecimento que da parte da UE não existiu qqr pressão nesse sentido. Este problema é estritamente entre a CGD e o Estado.

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  3. Eu acho que XG e RH deviam dar à UE o tal edifício de 10 andares. Assim resolvia-se o problema e os "europas" até ficavam com melhor vista sobre a baía de Dili...

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