quinta-feira, novembro 15, 2007

Modelo da GNR é o melhor para futura polícia de Timor-Leste

RTP

O modelo da GNR é o melhor para a futura polícia de Timor-Leste, afirmou hoje, em Lisboa, o Presidente timorense, Ramos-Horta, defendendo o "papel central" de Portugal na reforma das forças de segurança, da educação e da justiça timorenses.

"Portugal tem um papel central na área da justiça e educação", onde o governo timorense "continua a privilegiar a cooperação com Portugal", afirmou Ramos-Horta aos jornalistas.

José Ramos-Horta iniciou hoje o primeiro dia de uma visita oficial a Portugal, tendo no topo da agenda a defesa e educação, áreas onde pretende garantir a cooperação portuguesa.

"A questão da reforma da polícia é crucial para estabilização do país e para não estarmos dependentes de outros. Nesta questão, Portugal é crucial", afirmou o chefe de Estado.

O Presidente timorense disse que "o actual governo liderado por Xanana Gusmão prevê algumas reformas, eliminando unidades existentes que só fazem esbanjar recursos, juntando-as numa só, que será treinada pela GNR".

"Acreditamos que o modelo da GNR é o melhor para Timor-Leste", acrescentou.

Na área da educação, o prémio Nobel da Paz disse que Timor-Leste "continua a privilegiar a cooperação com Portugal", nomeadamente na formação de professores, mas defendeu que essa cooperação também "deve incidir no apoio ao desenvolvimento do tétum".

"O tétum é língua nacional, mas rudimentar. Faltam vocabulários para a tornarmos mais moderna. A cooperação portuguesa podia ver em que é que Portugal podia apoiar o Tétum, que bebe do português", afirmou.

Quanto à justiça, Ramos-Horta disse que Timor-Leste vai precisar nos próximos anos de mais juízes, defensores públicos e funcionários judiciais, entre outros, e afirmou que também nessa matéria Portugal tem um papel importante.

O Presidente timorense destacou ainda a sua primeira visita a Portugal enquanto chefe de Estado, afirmando que é um sinal do seu agradecimento "ao Estado e ao povo por todo o apoio concedido" a Timor-Leste, sobretudo "depois da crise em 2006".

"Portugal foi um dos países a quem recorremos para evitar o pior. As forças armadas e a polícia estavam divididas. Quem estava no poder na altura, e com o meu apoio, decidiu por bem engolir o orgulho e pedir ajuda internacional. Os outros (Austrália e Nova Zelândia) estavam perto, mas Portugal veio de muito longe", sublinhou.

Relativamente à actual situação em Timor-Leste, o chefe de Estado disse que está "mais calma", mas ainda necessita da ajuda internacional.

"Díli, que foi o palco dos problemas, está hoje muito mais pacificado. Os dois distritos mais difíceis, Baucau e Viqueque, também estão mais calmos. A situação está bastante calma, de uma maneira geral, mais ainda está precária porque dependemos das forças internacionais para garantirmos a segurança do país", sublinhou.

Para Ramos-Horta, Timor-Leste ainda vai precisar da ajuda internacional "por mais uns anos".

"Enquanto não estiver tranquilo de que a nossa polícia está reorganizada, não posso em consciência dizer que já não preciso das forças internacionais", afirmou.

O presidente timorense falava aos jornalistas no final de um pequeno-almoço com o bispo Carlos Ximenes Belo, com quem partilhou o prémio Nobel da Paz em 1996.

Em declarações aos jornalistas, Ximenes Belo disse ter dado todo o seu "apoio ao Presidente da República e ao governo para a criação de um clima de tranquilidade, paz e bem-estar para as populações, a criação de mais postos de trabalho para os jovens e a criação de mais benefícios para os mais pobres".

No seu primeiro dia de visita a Portugal, Ramos-Horta tem hoje um encontro com o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, seguido de uma visita à Assembleia da República e de um encontro com o presidente do PSD, Luís Filipe Menezes.

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