25/10 - 05:52 - EFE
Jacarta, 25 out (EFE).- O tenente-coronel Kiki Syahnakri, que foi o principal comandante da ocupação militar indonésia do Timor-Leste, admitiu que em 1999 o Exército da Indonésia armou civis timorenses que depois participaram dos massacres no país, informou hoje o jornal "The Jakarta Post".
No entanto, o militar, hoje na reserva, justificou a medida. Ele argumentou que as milícias simplesmente fizeram parte de "grupos de Defesa Civil", como os que naquela época reforçavam a segurança em outras partes da Indonésia.
As milícias pró-indonésias colaboravam com o Exército e só estavam encarregadas da segurança em seus bairros, disse.
Syahnakri prestou depoimento na Comissão para a Recepção, Verdade e Reconciliação. O órgão investiga a onda de violência na ex-colônia portuguesa, que levou á retirada dos últimos militares indonésios.
Pelo menos 102 mil timorenses morreram entre 1975 e 1999, como conseqüência direta da ocupação do Timor-Leste pelo Exército indonésio, segundo dados da comissão. Além disso, há relatos de torturas e abusos sexuais cometidos pelos soldados da ocupação.
A Indonésia invadiu o Timor em dezembro de 1975, apoiada pelos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Japão, entre outros. A razão foi o temor de que ali surgisse uma espécie de Cuba do Sudeste Asiático.
Quase 30 anos depois, a comunidade internacional passou a defender a autodeterminação dos timorenses, que em 30 de agosto de 1999 confirmaram seu desejo de independência.
A transição para a democracia foi violenta. As tropas indonésias e as milícias aliadas incendiaram e destruíram cidades e aldeias, mataram cerca de mil pessoas e deportaram 200 mil para a Indonésia.
Timor-Leste nasceu oficialmente como país independente em maio de 2002. É uma das nações mais pobres do planeta.
EFE ind mf
Não é novidade para mim as afirmações confidências de KIKI. Eu testemunhei essa entrega de armas e os diferentes momentos da distribuição das mesmas.
ResponderEliminarAté me lembro de ver caixotes de munições e respectivas armas em Motael.
Na altura, os observadores internacionais estavam lá mas só os de língua portuguesa é que as viram, os outros "não".
Esses "observadores" que não viram talvez tenham sido vítimas daquele espesso "nevoeiro" que costuma andar lá para essas bandas de Motael... e de outras também.
ResponderEliminarA novidade é pela primeira vez um oficial indonésio admitir... a verdade.
Embora escudando-se no eufemismo dos "grupos de defesa civil", para não perder a face, é notável que este militar tenha sido capaz de confessar o papel que as ABRI/TNI tiveram nos massacres de 1999.
Só por isso, tiro-lhe o chapéu. É que, independentemente das culpas no cartório, admiro mais um criminoso arrependido que confessa os seus crimes do que um santo-de-pau-oco que quer fazer-se passar por anjinho.
Espero que com o passar do tempo este exemplo seja seguido por outros (ex-)oficiais indonésios, começando pelo tristemente célebre Wiranto.
E já agora, por alguns timorenses também.
Espero também que isto sirva de reflexão aos iluminados líderes de Timor-Leste que defendem a tese da paz podre.