Lusa - 13 de Setembro de 2007, 18:37
Lisboa - O governo português não tem qualquer indicação de que a língua portuguesa esteja a ser reequacionada em Timor-Leste, disse hoje o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, garantindo que vai continuar a ser uma aposta.
Em declarações à Agência Lusa, João Gomes Cravinho reagia à preocupação manifestada hoje pela Fretilin face à intenção do governo timorense em reequacionar as línguas oficiais, tendo em conta que a cooperação portuguesa assenta no ensino do português.
"Não quero entrar em polémicas de política interna de Timor-Leste. Eu estive lá na semana passada, falei com as autoridades e a questão da língua portuguesa nunca foi colocada como um ponto de interrogação", disse o secretário de Estado.
"Não tenho absolutamente nenhuma indicação desse reequacionamento em relação ao papel da língua portuguesa, muito pelo contrário", reforçou.
Cravinho adiantou mesmo que nas conversas que manteve, durante a visita a Timor-Leste, com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, "houve concordância quanto à necessidade de reforçar o apoio à língua portuguesa".
Em declarações à Lusa à margem da apresentação do programa do governo no Parlamento timorense, o presidente da Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo" questionou para que servirão os 60 milhões de dólares previstos no programa de cooperação assinado na semana passada durante a visita de Cravinho, dado que se fundamenta no ensino do português.
"Nós temos essa língua oficial portuguesa que faz parte da nossa identidade e agora o governo vai reequacionar as língua oficiais. Reequacionar como?", perguntou, garantindo que vai pedir esclarecimento ao governo timorense sobre esta matéria.
Questionado pela Lusa sobre se o governo português não tem receio de estar a investir num sector que possa vir a ser desvalorizado no futuro, João Gomes Cravinho foi peremptório: "de forma alguma".
"Portugal já investiu qualquer coisa como 390 milhões de dólares no apoio a Timor-Leste desde 2000. Estamos em primeiro lugar como doadores. Julgo que foi um dinheiro extremamente bem investido e sinto um enorme carinho e satisfação da parte do povo timorense por esse apoio da cooperação portuguesa", disse.
Além disso, o secretário de Estado destacou que o relacionamento de Portugal com o novo governo timorense "é excelente", igual ao que havia com o anterior executivo".
"Não devemos olhar para estas mudanças naturais no ciclo político dos países como sendo algo que afecta as relações profundas Estado a Estado", considerou Cravinho, manifestando a convicção de que "nos próximos tempos vai continuar a haver uma aposta muito forte em Timor-Leste por parte da cooperação portuguesa".
VM-Lusa/Fim
NOTA DE RODAPÉ:
Claro que Cravinho desconhece. Mesmo passando por lá a semana passada, "esqueceu-se" de transmitir ao seu Governo as declarações de Xanana Gusmão quanto a que a questão da língua portuguesa necessita de ser reequacionada.
Cravinho só ouve o que quer, ou anda surdo...
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