Timor Lorosae Nação – Quarta-feira, 29 de Agosto de 2007
Timor e a Lusofonia estão a ser deglutidos pela Austrália
Alfredo Ximenes
A visita de um representante do governo português já estava prevista há algum tempo e dependia das disponibilidades de agenda, sabendo-se especificamente que os assuntos a tratar estavam relacionados com a cooperação que Portugal nos tem dispensado, fazendo todo o sentido que quem nos visita seja o Secretário de Estado dessa área, da cooperação, João Gomes Cravinho.
É sabido que Portugal é o maior doador à causa Timorense, que são e sempre foram os portugueses, povo como nós, que mais se insurgiram e mobilizaram perante as chacinas provocadas pela Indonésia. Que ainda hoje continuam com a preocupação de enviar manuais escolares para os alunos timorenses, que escrevem nos comentários deste blogue e de outros manifestando as suas preocupações e revoltas pelas injustiças que estão a recair sobre os timorenses.
Os próprios militares e policias portugueses que têm integrado as missões da ONU em Timor-Leste são pessoas cordatas, amigas e completamente diferentes do porte bárbaro de outros, de outros nacionalidades. Isto para não falar dos professores e professoras que estão cá e nos ajudam realmente, a par dos brasileiros.
Em contrapartida, aquilo que acontece com os australianos estacionados em Timor-Leste, civis ou militares, soa sempre a interesse... "Está bem, eu ajudo-te... mas o que é que recebo em troca?" - e quando nos apercebemos já eles nos levaram tudo.
Para a Austrália, para os australianos que aqui vêm - que me perdoem as excepções - Timor-Leste é a mina de produto e produção fácil em que não precisam de esgravatar, trabalhar, para irem embora com os alforges cheios!
Ao referir isto, não estou a propor nenhuma cruzada contra a Austrália ou contra os australianos mas sim a constatar um facto e a considerar que é tempo de reduzir a presença australiana em Timor-Leste, civil e militarmente.
Considerando que este país optou pelo português como língua oficial, de parceria com o tetum, os poderes decisórios timorenses têm a obrigação de nos proporcionar a defesa de sermos originais e diferentes nesta parte do globo, assumindo a lusofonia enquanto um bem que superará as distâncias terrenas para Portugal, Brasil ou África. Principalmente Portugal e o Brasil têm sido incansáveis sempre que lhes solicitamos o que quer que seja. Isso significa que devemos apostar mais na lusofonia e fazermos perceber à Austrália que temos uma identidade própria que até se completa num mundo lusófono que detém a terceira língua mais falada no planeta.
Em vez disso, apercebemo-nos de que cada vez mais ficamos na dependência e nova colonização da Austrália. Sistematicamente os ministros australianos se exibem como nossos donos, nos invadem de surpresa como se Timor territórios deles se trate.
Que saibamos, obtivemos a independência com muito sacrifício, com muitos mártires, para entregarmos agora o ouro ao bandido. E o bandido é a Austrália, os seus governantes!
Alexander Downer chega amanhã, não se sabe bem porquê, nem estava programada tal visita, como é costume nas relações entre Estados.
Mas como se isso não bastasse fomos surpreendidos pelo anúncio do primeiro-ministro, Alexandre Gusmão, com vaidade a brilhar nas letras do comunicado do gabinete ministerial, sobre a aceitação de um convite que ele formulou a Hon Steve Bracks para que esse ex-governador do estado de Vitória ascendesse a seu consultor...
Claro está que o convite foi aceite, não se sabendo até que ponto Gusmão está nas mãos dos australianos.
Não se sabendo quem é que na realidade vai exercer as funções intelectuais e decisórias de primeiro-ministro. Será Gusmão ou os australianos que o estão a rodear?
Fica a pergunta, para uma resposta que será encontrada com o tempo.
ESTE ALFREDO XIMENES NÃO É O MESMO QUE EM TEMPOS FEZ EXCELENTES COMENTÁRIOS SOBRE UM ARTIGO PUBLICADO EM JORNAL AUSTRALIANO (AUSTRALIAN NEWS) RELACIONADO COM A CREDIBILIDADE DO PLANO FORÇA 2020, O MODELO DE FORÇAS ARMADAS PARA TIMOR-LESTE E OS INTERESSES ESTRATÉGICOS DA AUSTRÁLIA E EUA, QUE ESTIVERAM NA ORIGEM DA CRISE POLÍTICO-MILITAR QUE SE VIVE EM TIMOR-LESTE.
ResponderEliminarNÃO VALE A PENA BARALHAR OS BLOGISTAS. TALVEZ FOSSE CONVENIENTE E DESEJÁVEL ASSUMIR OUTRO PSEUDONIMO. ENFIM SÓ TEMOS XICOS ESPERTOS EM TIMOR L....