Jornal Nacional Semanário - 15 de Setembro de 2007
O Ministro da Agricultura e Pescas, Mariano Asanami Sabino, defendeu que a agricultura é uma das áreas mais importantes para o desenvolvimento da economia em Timor-Leste, pelo que é necessário desenvolvê-la a partir das áreas rurais. Além da agricultura, o plano do Governo prevê também o desenvolvimento da produção de peixes, em quantidade e qualidade.
A seguir, destacamos a entrevista especial do Jornal Nacional Semanário (JNS) com o Ministro da Agricultura e Pescas, Mariano Asanami Sabino (MAS).
JNS: Como Ministro de Agricultura, qual é o plano do Ministério para desenvolver a agricultura em Timor-Leste?
MAS : A agricultura é das principais actividades económicas em Timor-Leste. Nesta área, temos a orientação de uma agricultura sustentável com base na capacidade de trabalho familiar. Da prática de cultivar em vários locais resultam produtos com menos qualidade e com um impacto negativo, como a degradação ecológica através de incêndios, deflorestação e erosão. O mínimo de produtos é devido à falta de tecnologia adequada e a recursos humanos de fraca qualidade. O clima da região e a topografia afectam a produção agrícola, apesar de ser uma região potencial.
JNS: Quais os objectivos do Governo para o desenvolvimento da agricultura?
MAS : O objectivo principal do Governo no desenvolvimento da agricultura é a mudança da agricultura de subsistência para uma agricultura mercadorial, mudando os locais de pequena produção para produtos específicos de cada região. Mudança dos ciclos permanentes sem água para a infra-estrutura de reserva de água e canal de irrigação, para assegurar a produção, promover o desenvolvimento da agricultura, simplificando disparidades regionais, reabilitando centros de extensão rural, desenvolvendo estradas e dinamizando, assim, o mercado.
JNS: Qual é o plano do Governo em relação à implementação de diversificação e intensificação da produção agrícola segundo a divisão administrativa?
MAS : O Governo tem a intenção de implementar o plano de diversificação e intensificação de produção agrícola segundo a divisão administrativa nacional para estabelecer o mercado interno, para assegurar os meios de produção com o objectivo de garantir a auto-suficiência alimentar. Pode ser também considerado, a médio prazo, um nicho para o mercado externo.
O Governo compromete-se a desenvolver todos os esforços no sentido de coordenar diversas iniciativas, pondo de lado se são iniciativas locais ou parcerias de desenvolvimento rural integrado, incluindo a formação, educação, investigação e centro agrícola regional.
JNS: Qual é a política do Governo em relação à agricultura e ao desenvolvimento rural?
MAS : Este Governo defende uma política de agricultura e desenvolvimento rural para promover a formação de recursos humanos, através da criação de centros de formação de técnicos a nível distrital, adoptando prioridades que dão valor à competição e à protecção do meio ambiente, em qualidade e especificidade, na inovação, multifuncionalidade, diversificação na produção agrícola, investindo na tecnologia, com o objectivo de mecanizar a agricultura. Promover produtos com qualidade para serem vendidos nos mercados regionais e internacionais; Optimizar a produção de arroz, milho, batata, mandioca, feijão, soja, etc.; Optimizar a produção de horticultura, hortaliças e frutas; Optimizar a plantação industrial, como a do coco, café, sândalo, etc.; Optimizar produtos não florestais como a rota, bambú e mel; Protecção das plantas face a doenças alimentares; Extensão das áreas férteis, criando hortas em locais abandonados; Promover subsídios para fertilizar e fornecer equipamentos básicos para os agricultores; Promover estudos por fases, tendo em conta a reabilitação de sistema de irrigação, o estabelecimento de reservatórios de água e métodos de novas irrigações; Desenvolvimento do sistema de gestão de suporte aos planos que serão adoptados nas áreas de irrigação; Promoção da Associação de Agricultura , da de utilizadores de água, de centros de processo alimentar.
JNS: Tem algum plano de estabelecer Centros de Formação de Agricultura ao nível distrital?
MAS : Sim, este Governo, através do Ministério da Agricultura e Pescas, tem o plano de estabelecimento de centros de sementes de agricultura aos níveis regional e distrital.
JNS: Que tipos de centros de formação serão estabelecidos?
MAS : O Governo estabelecerá centros de reserva alimentar para antecipar situações de crise humanitária ou falhas de mercado, uma cooperativa agrícola e um mecanismo de crédito agrícola.
JNS: Há algum apoio às mulheres agricultoras?
MAS : Para aumentar a capacidade das mulheres agricultoras o Governo desenvolverá o sistema financeiro rural, incluindo o sistema de micro-crédito, atribuído às mulheres e a outros grupos que não façam parte dos serviços formais do mercado, para que estes possam sentir a atenção do Governo. Os apoios financeiros deverão iniciar-se pelas mulheres nas áreas rurais.
JNS: Para a prevenção de desastres naturais, quais as medidas que deverão ser tomadas pelo Governo?
MAS : O Governo, em particular o Ministério da Agricultura e Pescas, promoverá a promoção da conservação do terreno e água para prevenir a erosão, a conservação da biodiversidade e a preservação das espécies do País, criando novas plantações no Centro de Reprodução e Tratamento de Sementes, através da criação de viveiros que permitam o desenvolvimento e multiplicação de café, madre-cacau, coqueiros e baunilha, etc, e promovendo a produção fertilizante orgânica.
JNS: Incluída a área de Pescas no Ministério de Agricultura, há alguma ideia para o desenvolvimento dessa área?
MAS : O Governo tem um programa de desenvolvimento da Pesca e da Aquicultura, para a preparação de águas conservadas (“bé lihun”) para a reprodução de animais aquáticos, como o peixe, entre outros.
JNS: Timor-Leste tem potencialidade ao nível da produção de peixes em quantidade?
MAS : Sim, esta actividade está incluída no programa. Quando falamos de pesca devemos pensar como produzir peixes com quantidade e qualidade. Timor-Leste tem potencial na produção de peixes em quantidade, uma actividade que ainda não foi desenvolvida.
JNS: Quais as regiões principais para o desenvolvimento dessas actividades de pesca?
MAS : As regiões principais para actividades de pesca são designadamente a costa norte e a costa sul, que produzem peixes e mariscos de diversas qualidades, usadas para o consumo interno e não suficientes para o consumo no interior.
As referidas zonas têm bons recursos de água para o desenvolvimento de actividades de aquicultura.
JNS: Quer dizer que o Governo deseja contribuir para que a população no País consuma peixe?
MAS : Claro, o Governo é servidor do Povo, portanto deseja contribuir para que a população possa consumir peixe em todo o território usando técnicas de processo de secagem de peixe, e facilitando a sua distribuição no País.
JNS: O Governo promoverá a produção de peixes através de pequenas indústrias?
MAS : É um dos programas do Governo, pelo desenvolvimento de pequenas e médias indústrias, tendo em conta que não é só o emprego como fonte de rendimento nacional, também o desenvolvimento da exportação de produtos.
JNS: O que é necessário para o desenvolvimento do sector de pescas?
MAS : O Governo propõe o desenvolvimento deste sector através do investimento em equipamento próprio para promover as infra-estruturas, as tecnologias de exploração dos recursos potenciais no Mar de Timor-Leste, promovendo formação na área de Pescas e Aquicultura, desenvolvendo a gestão neste sector através do estabelecimento do Centro e Associação de Pescadores, estabelecendo subsídios para as associações, com mecanismos de controlo e eficiência, desenvolvendo a indústria das pescas e o processo de conservação e transformação de peixes frescos em peixes secos.
JNS: Falando do desenvolvimento do sector agrícola, há ligação com a área pecuária, pode explicar sobre esse assunto?
MAS : Pecuária é uma actividade igualmente potencial em Timor-Leste, que pode contribuir para satisfazer as necessidades alimentares da população, não diminuindo o valor que esta actividade tem, numa relação especial com o factor cultural e tradicional, tendo também em conta os valores sentimentais que algumas espécies de animais representam para a população. O Governo defende que o sector pecuário deve ter apoio e incentivo para garantir a base de desenvolvimento de pequenas e médias indústrias, em relação a carne, leite, manteiga, queijo, para o consumo no País e para exportações no futuro.
JNS: Para o desenvolvimento da área pecuária, quais as medidas que deverão ser tomadas pelo Governo?
MAS : Em relação ao desenvolvimento nessa área, o Governo desenvolverá em primeiro lugar os serviços veterinários, desenvolvendo o mecanismo de controlo da água consumida pelos gados, investindo em campanhas de reprodução e vacinação para garantir a possibilidade de aumentar o número de animais, promovendo a formação técnica, fazendo a revisão e criação de legislação adequada para o desenvolvimento do sector.
JNS: Há necessidade de uma Lei Pecuária?
MAS : Sim, é necessária legislação como a Lei de Carantina para a importação e a exportação de gados e produtos, a Lei e o Regulamento Veterinário e de produção de gados e matadouro. Tem de se observar como desenvolver centros de reprodução e criação de gado, para facilitar a tarefa dos agricultores nos seus serviços e garantir a multiplicação de espécies, fazendo esforços para a promoção da investigação e informação agrícola que contribua para destruir ervas que prejudicam uma boa alimentação dos gados nas suas pastagens ou locais naturais de alimentação.
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