quarta-feira, setembro 26, 2007

Ex-chefe de milícia de Timor-Leste acusa a Indonésia pelas desordens de 1999

Tradução da Margarida:

26 Set 2007 09:46:27 GMT
Fonte: Reuters
Por Tito Belo

DILI, Set 26 (Reuters) – A Indonésia foi responsável pelo derramamento de sangue que rodeou a votação da independência de Timor-Leste em 1999, disse um antigo chefe de milícia pró-Jacarta à comissão criada para investigar a violência numa audição na Quarta-feira. Milícianos pró-Indonésios entraram numa fúria violenta antes e depois da votação patrocinada pela ONU que pôs fim a 24 anos de governação de Jacarta na antiga colónia Portuguesa.

A Comissão da Verdade e Amizade (CTF), que foi criada pela Indonésia e Timor-Leste para promover a reconciliação entre os dois vizinhos, está a realizar a volta final de audições esta semana em Timor-Leste para tentar estabelecer a verdade acerca do derramamento de sangue.

Jhony Marques, que foi condenado a 33 anos de prisão por um tribunal de Timor-Leste, disse que o presidente da Indonésia nessa altura, B.J. Habibie, e o seu ministro chefe da segurança General Feisal Tanjung deviam ser responsabilizados pela violência.

"Todas as políticas foram determinadas pelo governo central e pelo chefe militar em Jacarta," disse à comissão Marques, que liderou o grupo de milícia Alfa .

"Por isso as autoridades, especialmente o presidente da Indonésia e Menkopolkam (ministro chefe da segurança), devem ser responsabilizados pelos homicídios em Timor-Leste," disse. "Não é justo se nós enfrentamos a justiça mas pessoas chave que eu mencionei estão livres."

Marques disse que ordenou aos seus homens para atacarem uma caravana de freiras e um padre no distrito de Lospalos em 1999 e admitiu que estava drogado na altura.

Oito pessoas foram mortas e 300 mulheres foram assaltadas sexualmente em ataques separados pelos seus homens e outros milicianos, disse ele.

Na Terça-feira, um antigo chefe de distrito disse à comissão que antes da votação lhe tinha sido pedido por dois generais Indonésios que eram ministros do Gabinete em 1999 para montar uma milícia para defender a integração.

"Fomos convidados pelo Ministro da Informação Yunus Yosfiah e ele disse-nos que a Indonésia daria financiamento e armas aos que apoiassem a integração," disse Tomas Gonsalves.

Alegou também que o então ministro da transmigração, Abdullah Hendropriyono, que mais tarde se tornou chefe da agência nacional de informações, ofereceu dinheiro do seu ministério para financiar a criação de um grupo de milícia.

As Nações Unidas estimam que cerca de 1,000 Timorenses foram mortos quando milícias pró-Indonésias entraram numa fúria antes e depois do território ter votado a separação da governação de Jacarta.

Entidades oficiais Indonésias têm dito à comissão que apenas cerca de 100 pessoas foram mortas. As milícias, apoiadas por membros das forças armadas Indonésias, destruíram também a maioria das infraestruturas de Timor-Leste.

Críticos dizem que a comissão não tem dentes porque lhe falta o poder para punir os que concluírem ser responsáveis por abusos.

Predominantemente católico, Timor-Leste tornou-se totalmente independente em Maio 2002 depois de 2-½ anos de administração da ONU que se seguiu aos 24 anos da ocupação Indonésia.

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