quarta-feira, setembro 05, 2007

«Confiança não é complacência», afirma o chefe da ONU

Notícias Lusófonas – 3 Setembro 2007 - 18:07

O chefe da missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) antecipou hoje um quadro positivo para a próxima reunião do Conselho de Segurança (CS) sobre o país, mas ressalvou que "confiança não é complacência".

"Temos que recordar a violência que se sucedeu ao anúncio da formação do novo governo", declarou Atul Khare, representante-especial do secretário-geral das Nações Unidas, na véspera de viajar para Nova Iorque.

O próximo relatório sobre a situação em Timor-Leste será apresentado ao CS da ONU dia 10 de Setembro.

Atul Khare defendeu, em conferência de imprensa, a manutenção no país do reforço de cerca de 80 militares integrados na UNMIT feito para o período eleitoral, considerando que se vive ainda uma "situação frágil" após as três eleições realizadas este ano.

A continuidade deste reforço está garantida "uma vez que o principal país envolvido, Portugal, manifestou a sua concordância", explicou Atul Khare, sem citar directamente a unidade autónoma da GNR, que tem 220 militares no país.

Pelo mesmo motivo, a UNMIT vai manter no país 10 elementos da sua secção eleitoral, "para continuar o reforço da capacidade da Comissão Nacional de Eleições e do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral".

O relatório do secretário-geral ao CS "não fará nenhuma recomendação para o aumento ou a redução das Forças de Estabilização Internacionais" (ISF), afirmou Atul Khare.

"Espero, no entanto, que o relatório contenha um agradecimento vigoroso às ISF pelo papel que têm desempenhado, muito para além da sua missão", adiantou o representante especial sobre os cerca de 1300 militares da Austrália e da Nova Zelândia que integram as ISF.

Sobre o major fugitivo Alfredo Reinado, Atul Khare reiterou que ele deve entregar-se à justiça e que "se o fizer por meios pacíficos é melhor do que ser levado à força".

"Apoio os esforços das autoridades timorenses nesse sentido", acrescentou Atul Khare.

O mesmo critério, disse, é válido para todos os casos abrangidos pelo relatório da Comissão Especial Independente de Inquérito à crise de 2006, incluindo Vicente da Conceição "Railós".

"Todos os líderes timorenses têm afirmado que as recomendações do relatório da CEII são para concretizar e espero que isso aconteça de facto", sublinhou Atul Khare.

2 comentários:

  1. ONU poderá ficar mais cinco anos em Timor-Leste

    Público, 05.09.2007
    Jorge Heitor

    A Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (Unmit), criada em Agosto do ano passado para ajudar a restaurar a estabilidade no país, poderá vir a ser prorrogada no próximo mês de Fevereiro, pois o respectivo chefe, Atul Khare, entende que serão necessários mais três a cinco anos para reestruturar a polícia nacional, remodelar o sector da segurança e permitir que a democracia se consolide, conforme explicou esta semana em conferência de imprensa.
    O Presidente José Ramos-Horta solicitara segunda-feira à ONU que ficasse no país até 2012 e pedira à Austrália, que tem a seu cargo uma Força Internacional de Estabilização que partilha com a Nova Zelândia, que se mantivesse ali até 2008. Isto quando o Conselho de Segurança se prepara para, na próxima semana, debater mais um relatório da Unmit sobre a frágil situação timorense.
    Entretanto, o primeiro-ministro Xanana Gusmão pediu ao chefe cessante do estado australiano de Victoria, Steve Bracks, que o ajude, como conselheiro, a impedir que Timor-Leste se torne um Estado falhado, contribuindo para colocar em funcionamento uma administração que possa garantir os serviços básicos e gerar muitos mais novos postos de trabalho.
    Bracks, um católico de ascendência libanesa, por o avô paterno ser natural do vale de Beqaa, declarou à imprensa australiana que a sua meta, como conselheiro especial de Xanana, vai ser combater "uma crescente cultura de corrupção", controlando rigorosamente a atribuição de contratos para obras públicas e as nomeações para vários cargos.
    Este trabalhista de 52 anos era desde 1999 o primeiro-ministro do estado de Victoria, cargo que subitamente abandonou para "estar mais tempo com a família" e, também, ajudar Xanana, com o qual regularmente se tem reunido durante os últimos anos.
    Steve Bracks vai passar os próximos meses a viajar entre Melbourne e Díli, para ajudar Xanana Gusmão a governar

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  2. "O mesmo critério, disse, é válido para todos os casos abrangidos pelo relatório da Comissão Especial Independente de Inquérito à crise de 2006, incluindo Vicente da Conceição "Railós"."

    É estranho que, ao proferir estas palavras, Atul Khare mostre vontade de resolver os casos "abrangidos pelo relatório", sem referir que estes estão "abrangidos" acima de tudo pelo tribunal e só as decisões deste são vinculativas.

    Também é estranho que, dos casos "abrangidos" pelo relatório só o de Rogério Lobato e o de Akatiri tenham sido resolvidos, enquanto os outros se arrastam indefinidamente.

    Será que AK já reparou nisto, ou anda distraído?

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