quinta-feira, agosto 09, 2007

Xanana cumpre e faz “golpe democrático”!

Blog Timor Lorosae Nação - 7 de Agosto de 2007- 05:28

por: Peter Bonaventur
“Vou fazer um golpe democrático”

“Na primeira entrevista ao Expresso desde a crise de Maio de 2006, Xanana fala dos planos que traçou com o primeiro-ministro Ramos Horta para afastar a Fretilin do poder em Timor-Leste” – in Expresso de 06-04-07, entrevista de Micael Pereira

Os acontecimentos políticos em Timor-Leste raramente nos trazem vislumbres positivos e quando parece que trazem parecem meras quimeras que a nossa esperança eterna, ingenuidade e muito querer que tudo aconteça por bem quase nos cega e permite oferecer o flanco da decência aos monstros da iniquidade e do despudor descarado que tudo usam para assaltar o Poder. Mas nem por isso eles deixam de falar verdade, a seu tempo, sendo esse o caso encontrado na mencionada entrevista, publicada pelo Expresso.

À pergunta do jornalista do Expresso, Micael Pereira

“Imagine que a Fretilin perde as eleições presidenciais e as eleições legislativas. Nesse cenário, o risco de violência em Timor será maior?” A resposta de Xanana foi: “Nós sabemos de alguns núcleos e sítios de onde podem aparecer alguns tiros. Aí veremos o sentimento democrático de pessoas que têm acusado outras mas que não sabem aceitar uma derrota política. O povo está atento às ameaças que se ouvem.”

A realidade veio demonstrar que apesar de a Fretilin ter perdido as eleições presidenciais – aceitando a derrota - não perdeu as eleições legislativas tendo ficado demonstrado quem não sabe aceitar derrotas políticas. Se assim não fosse não teriam rebuscado posteriormente uma airosa maneira de “afastar a Fretilin do Poder” a qualquer preço, no caso com uma AMP que virá a ser de triste memória para os timorenses por motivos já apontados por Mário Carrascalão, mas ainda mais pelas lutas intestinas que já existem e que se irão agravar sobremaneira, hipotecando o futuro e a estabilidade em Timor-Leste.

Na entrevista, que merece ser relida, refere Xanana Gusmão em determinado momento que:
Existe um código de conduta que as pessoas não respeitam. Em vez de falarem dos seus programas, atacam os outros. E Xanana é o alvo número um. Só prova a grandeza de espírito desses políticos que provocaram a crise. Acusaram-me de originar a crise e de tentar fazer um golpe de Estado. Agora eu vou fazer um golpe democrático através das eleições. Não preciso de golpes de Estado.

A resposta infere uma vitimação primária que o subconsciente transporta para um personagem que não é ele, sendo, e que indicia a revelação de não olhar a meios para atingir seus objectivos. Quando diz que “eu vou fazer um golpe democrático através das eleições” isto já significava que jamais a Fretilin seria novamente poder, ganhasse ou não, enquanto que a expressão “golpes de Estado”, que profere, é algo que está no seu subconsciente, que sabe que já fez – mais que um, para ele – mas que não resultaram como desejava, pelo que os dispensa para agir de outro modo, com outros procedimentos.

Na realidade, o ex-presidente timorense e futuro primeiro-ministro acaba por se trair a ele próprio, quer dizer, às suas intenções e revelações de uma personalidade que não quer aparentar para que assim possa manipular como e quando melhor aprouver. Com este personagem Timor-Leste não pode ir longe.

Presidente da República muito conivente

O desempenho do actual presidente da República, José Ramos Horta, em toda esta panóplia de acontecimentos também está a sair maculado e a revelar que os seus métodos políticos carecem de um tratamento de decência, honestidade e fiabilidade, pelo menos.

Percebe-se que andou todo este tempo fazendo que desejava um governo de inclusão quando afinal aquilo que ele quer é partilhar o poder com Xanana Gusmão – ao estilo de “mudam as moscas mas a trampa é sempre a mesma”. Partilhar o poder com Xanana Gusmão e só com ele, por agora e até ver, pelo que os partidos menores da AMP podem começar a cuidarem-se porque só não lhes fugirá o tapete debaixo dos pés se não convier aos “amantes políticos” que têm por objectivo dominar esta meia ilha do sudeste asiático… com um potencial de riqueza no subsolo que aguça a gula de qualquer ser mal-formado.

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