Jorge Heitor – 4 de Agosto de 2007
O carro de João Carrascalão, presidente da União Democrática Timorense (UDT) e um dos fundadores da recém criada Liga Democrática Progressiva (LDP), foi quinta-feira à noite apedrejado em Díli, onde a situação se mantém tensa enquanto a Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) procura formar o IV Governo Constitucional.
A mulher daquele político, Rosa Carrascalão, teve de passar pelo hospital, dado que na sequência do ataque ficou com uma lasca de vidro alojada numa das vistas, o que mais uma vez veio chamar a atenção para as actividades delituosas de grupos de jovens que erguem barreiras na via pública e colocam a população em perigo.
No passado fim-de-semana, na mesma zona da capital, “um pedregulho” atingira a viatura de outro elemento da mesma família, Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social Democrata (PSD), que é um dos quatro que fazem parte da AMP, a par do CNRT, do PD e da ASDT.
Mário Carrascalão declarou ontem à noite ao PÚBLICO ser “irreversível” a sua decisão de não aceitar integrar o Governo que está a ser constituído pelo antigo Presidente Xanana Gusmão. E que o faz para facilitar a situação geral no país, de modo a que a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) não tenha mais pretextos para obstaculizar um Executivo em que ela não entre.
Apesar disso, porém, o secretário-geral da Fretilin, José Manuel Fernandes, também ontem consultado pelo PÚBLICO, comentou ser “caso único o segundo partido mais votado (o CNRT, de Xanana) negar o direito do primeiro a formar Governo”. Repetiu a tese de que o seu grupo não considera a AMP uma verdadeira aliança, pois que apenas foi formada depois de apurados os resultados das legislativas de 30 de Junho; e sintetizou: “Não há respeito pela Constituição”. Desmentiu, porém, que a Fretilin esteja a boicotar os trabalhos parlamentares.
Entretanto, de acordo com Mário Carrascalão, a pasta da Agricultura na equipa agora em formação, deverá ser entregue ao secretário-geral do Partido Democrático (PD), Mariano Sabino Lopes, “Asanami”, de 36 anos. E José Luís Guterres, líder da facção Fretilin Mudança e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, teria indeferido um convite de Xanana para eventualmente ficar como vice-primeiro-ministro, por “não se sentir à altura de dominar todos os assuntos”, segundo fonte da ASDT.
Guterres preferiria voltar a chefiar a diplomacia, como o fez quando José Ramos-Horta foi primeiro-ministro. Mas para essa pasta também há a candidatura de Zacarias Albano da Costa, presidente da bancada parlamentar do PSD, pelo que as próximas 24 horas poderão ser decisivas para que se proceda a ajustamentos no elenco governamental que está a ser preparado. Por outro lado, o antigo ministro Rogério Lobato, que tem estado a cumprir pena e acabou por ser hospitalizado, com problemas de próstata, seguiu ontem para a Malásia, a conselho médico, por se entender que necessitava de cuidados inexistentes em Díli.
Registrei com apreço a atitude honesta de JL Guterres, que porventura deveria ser seguida por outros.
ResponderEliminarCaso ele tivesse correspondido ao convite, e partindo do princípio de que a "AMP" formará Governo, teríamos um caso bizarro de um Governo formado por todos os partidos (tirando alguns pequenos) menos o que ganhou. Mas entre todos os militantes desse partido um deles beneficiaria de uma excepção, sendo integrado no Governo e logo com o cargo de vice-primeiro-ministro, como prémio de ser contra a legítima direcção do seu partido.
Acho que assim Timor-Leste nem vai conseguir ascender à categoria dos Estados falhados. Fica-se por república das bananas...
Rpogerio Lobato seguiu para a Malasia?
ResponderEliminarEspero que tenham comprado bilhete de ida e volta.