quarta-feira, agosto 01, 2007

Ramos-Horta, "Lasama" e Xanana Gusmão à frente de Timor

Jorge Heitor – 31 Julho 2007

Fernando “Lasama” de Araújo, de 44 anos, líder do Partido Democrático (PD), foi ontem eleito presidente do Parlamento de Timor-Leste, com 41 votos, face aos 24 alcançados pelo candidato da Fretilin, o jurista Aniceto Guterres Lopes.

“Este resultado foi o teste final que faltava para que o Presidente Ramos-Horta convide a Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) a formar Governo, ficando Xanana Gusmão como primeiro-ministro e o presidente do Partido Social Democrata, Mário Carrascalão, como vice-primeiro-ministro”, declarou ao PÚBLICO o secretário-geral da Associação Social Democrata Timorense, Gil da Costa Alves. Ele próprio candidato a um dos dois lugares de vice-presidente do Parlamento, num escrutínio a efectuar hoje.

“É realmente muito difícil não convidar Xanana para procurar constituir Governo, a partir de amanhã”, concordou o secretário-geral da associação monárquica KOTA, Manuel Tilman, também ele candidato a uma das vice-presidências da câmara legislativa. Tal como o são Ilda Maria da Conceição, da Fretilin, e Vicente Guterres, do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).

O secretário-geral adjunto desta última formação, Duarte Nunes, explicou ao PÚBLICO que “Lasama” foi eleito com os 37 votos da AMP (CNRT, PSD, ASDT e PD) mais os três do Partido de Unidade Nacional, de Fernanda Borges, e um dos dois da Unidade Nacional Democrática da Resistência Timorense (Undertim).

Quanto ao candidato derrotado para a presidência do Parlamento, somou aos 21 votos da Fretilin os dois da Aliança Democrática constituída pelo KOTA e o Partido Popular; e ainda o do segundo deputado da Undertim.

“Lasama”, que na década de 1990 chegou a conviver numa prisão de Jacarta com Xanana Gusmão, afirmou-se “emocionado e optimista” por ter passado a ser formalmente a segunda figura do Estado, a seguir ao Presidente da República, agradecendo a confiança nele depositada por todos os que se aliaram para afastar a Fretilin do poder.

Entretanto, novos actos de violência se verificaram na cidade de Díli logo a seguir à escolha do novo presidente do Parlamento. Dezenas de partidários da Fretilin apedrejaram viaturas nas ruas da capital, segundo disse à Reuters o comandante da polícia, Mateus Fernandes, que ordenou cinco detenções.

Porém, o presidente desse mesmo partido, Francisco Guterres, “Lu Olo”, em Maio vencido por Ramos-Horta na segunda volta das presidenciais, felicitou os deputados que “irão participar na formação do novo Governo, nesta semana ou na próxima”.

O novo Parlamento tem menos 33 lugares do que o anterior e foi eleito para uma legislatura de cinco anos, durante a qual se irá procurar ultrapassar a crise política de 2006, acompanhada por uma agitação social que levou dezenas de milhares de pessoas a deixar as suas casas e a ir viver para centros de acolhimento.

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