Jornal de Notícias – Quinta-Feira, 9 de Agosto de 2007
Idade 61 anos, Primeiro-ministro da República Democrática de Timor-Leste
Deram-lhe o nome de José Alexandre Gusmão nesse dia 20 de Junho de 1946 em que, na povoação de Manatuto, encetou a vida num território onde havia bandeiras portuguesas desfraldadas. Mas dá agora pelo nome de guerra da resistência. Educado por padres jesuítas até aos 16 anos, abraçou a causa nacionalista no estertor do Estado Novo e, nos tempos de luta interna posteriores ao 25 de Abril, aderiu à Fretilin. Estava, porém, longe de se tornar herói fundador de um novo país e, quando, em Novembro de 1975, se deu a proclamação unilateral da independência, era apenas o elemento encarregado de filmar a cerimónia. Nove dias depois, a invasão do território pelas tropas indonésias dava início a uma vida na clandestinidade. Nascia o Xanana guerrilheiro que, em meados da década de 1980, haveria de ascender à liderança dos resistentes acoitados nas montanhas timorenses.
Na viragem para os anos 90, Xanana começou a apostar na visibilidade internacional, dando entrevistas em nome da causa timorense que, porém, só entrou verdadeiramente no mapa após o massacre do cemitério de Santa Cruz, em Novembro de 1991. Mas foi depois de ser perseguido e preso pelas autoridades indonésias, que o encerraram na cadeia de Cipinang, em Jacarta, que Xanana se tornou, verdadeiramente, bandeira desse Timor-Leste que ansiava pela liberdade.
Aclamado quase universalmente após a independência foi, portanto, facilmente eleito como primeiro chefe de Estado daquele que era, então, o mais jovem país do Mundo. Como presidente, viu acentuarem-se dissensões internas que nunca haviam deixado de existir, e chega agora à chefia do Governo de forma controversa, pela mão de um aliado de sempre, o novo presidente Ramos-Horta.
"[Xanana] abraçou a causa nacionalista no estertor do Estado Novo"
ResponderEliminarEste é um mito repetido amiude, com Xanana e Ramos Horta rotulados de "nacionalistas" antes do 25 de Abril, talvez para lhes adornar os respectivos CV. No tempo do Estado Novo (ou até 1974) não havia "causa nacionalista" em Timor.
Sobre este assunto, vide Gunn, Geoffrey, Timor Lorosae: 500 Anos