quinta-feira, agosto 09, 2007

Confrontos e novos incêndios fazem sete feridos em Baucau

Diário de Notícias, 08/08/07
Armando Rafael

Segundo incêndio na Alfândega de Díli destrói sistema informático

Sete pessoas ficaram ontem feridas em Baucau, a segunda maior cidade timorense, quando um grupo de jovens que protestava contra a nomeação de Xanana Gusmão para primeiro-ministro, se envolveu em confrontos com a polícia, que foi obrigada a usar balas de borracha e gás lacrimogéneo para os dispersar.

De acordo com fontes hospitalares citadas pelas agências internacionais, um dos feridos encontra-se em estado crítico.

Na mesma cidade, onde o peso eleitoral da Fretilin é esmagador, foram ainda incendiados alguns edifícios, com destaque para os escritórios de representação dos ministérios da Agricultura, Obras Públicas e Assuntos Sociais e para a sede da Fundação Alola, ligada à mulher de Xanana Gusmão, Kirsty Sword, tendo a polícia detido várias pessoas.

Incendiado foi também um infantário gerido pela Caritas, embora a Lusa tenha apurado que este ataque poderá encobrir um roubo ali efectuado, uma vez que as instalações acabaram por ser saqueadas.

Embora sem confirmação oficial, houve também registo de alguns incidentes em Viqueque, outro dos redutos eleitorais do principal partido timorense, levando o líder da Fretilin e ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri a apelar aos seus apoiantes para que mantivessem a calma.

"Temos conhecimento de que há vários protestos que envolvem militantes e apoiantes nossos, mas eles actuam sem o nosso consentimento", garantiu Alkitiri, à saída de um encontro com o Presidente timorense.

Muito diferente foi a situação que se viveu em Díli, onde as forças internacionais, incluindo as da GNR, tiverem de intervir para por cobro a múltiplos incidentes, a esmagadora maioria dos quais sem repercussão.

Mais complicada foi a situação que se viveu junto ao aeroporto, quando uma viatura de soldados australianos foi apedrejada por refugiados timorenses que vivem num campo situado nas imediações.

Na sequência deste incidente, alguns refugiados tentaram ocupar o terminal do aeroporto, tendo sido rapidamente repelidos pelas forças internacionais.

Mais enigmático foi o segundo incêndio que ocorreu no edifício da Alfândega, que já tinha ardido na véspera, sendo, que desta vez, as chamas só atingiram a parte em que estava instalado os sistema informático dos serviços aduaneiros de Timor-Leste, permitindo perceber, assim, as intenções criminosos que parecem estar por trás deste acto.

Tudo isto num dia em que Ramos-Horta revelou à Lusa já ter exercido o seu direito de veto informal sobre o elenco governativo que hoje tomará posse em Díli, liderado por Xanana. "Sem querer impor-me às prerrogativas do primeiro-ministro, tenho feito saber quem deveria ficar ou quem não deveria ficar", disse.

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