Expresso, 21 JUL 07
Micael Pereira, enviado a Timor-Leste
O cerco australiano ao major rebelde nas montanhas vai continuar indefinidamente. Querem vencê-lo pela fome, mas para já vão-lhe valendo os cocos.
As ISF não vão pousar as armas até Reinado se render ou ser capturado
Desde o dia 8 de Julho, quando concedeu uma entrevista ao Expresso, que o major Alfredo Reinado está cercado por um contingente de militares australianos em Alas, perto de Same, numa operação que já dura há duas semanas.
Segundo o seu advogado, o líder rebelde e o grupo de 19 homens que o acompanham viram ser-lhes cortado qualquer contacto com a população local, a quem recorriam até à altura para se reabastecerem de comida. Agora, pelo menos de acordo com a informação que o escritório de advogados vai recebendo do mato, a única comida disponível tem sido os cocos das árvores.
O Expresso apurou que as indicações dadas ao comando das ISF (Forças Internacionais de Estabilização), liderado pelo brigadeiro australiano Rerden, são para prosseguir com o cerco por tempo indeterminado, até que o major rebelde desista e entregue as armas que estão na posse do seu grupo.
O poder judicial não pode ser desautorizado
O juiz português Ivo Rosa, que tem o caso Reinado consigo, enviou entretanto esta semana um despacho dirigido ao brigadeiro Rerden com a renovação do mandado de captura ao major e com uma longa nota de esclarecimento jurídico. «A decisão proferida pelo tribunal é de cumprimento obrigatório para todas as entidades e só pode ser alterada, suspensa ou revogada por decisão judicial.
Ou seja, nem o Parlamento Nacional, nem Governo, nem a Presidência da República e nem o senhor Procurador-geral da República têm poder para interferir no conteúdo e execução da decisão proferida pelo juiz do processo», pode-se ler no despacho, numa clara referência a ingerências feitas pelo presidente Ramos-Horta e pelo procurador-geral da República Longuinhos Monteiro, que chegou a emitir salvo-condutos para alguns homens de Reinado.
«A decisão do senhor Procurador-geral da República (…) constitui uma grave violação e interferência no poder judicial e das regras do estado de direito democrático», diz ainda o documento.
Em resposta, o brigadeiro Rerden assegurou que os militares australianos farão para que o mandado de captura seja executado.
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