No blog Página Um – 13 Julho 2007
António Veríssimo
Em meados desta semana apercebemo-nos através do "Timor Online" e de despachos alguns correspondentes de agências internacionais de notícias que se estavam a registar movimentações das tropas australianas na região de Alas-Same com o possível propósito de fixarem e controlarem o grupo de evadidos de Alfredo Reinado. As notícias foram sempre escassas e cobertura do acontecimento foi coisa que parece não ter acontecido.
Sobre o assunto acabou por falar o Presidente da República timorense, Ramos Horta. Em declarações aos jornalistas lembrou que é dotado de "uma paciência de milhares de anos de história e civilização" por via das suas ascendências asiática e judaico-europeia, deixando perceber que só por isso tolera as atitudes e acções do" senhor Alfredo Reinado".
Realçou o presidente que o "Estado mantém a solução de compromisso que eu ofereci. E ofereci com muitas reservas, apenas para não exacerbar a situação".
Segundo se percebe, as condições impostas pelo presidente Ramos Horta significam que "o senhor Alfredo Reinado não pode circular com armas pesadas, mas para salvar a sua face e o seu orgulho e permitir o diálogo e uma solução definitiva do caso dele, via justiça, propus que vá para o acantonamento em Ermera, mas só com pistolas", acrescentando que o " Estado não permitirá seja a quem for que circule com armas. As armas só (devem estar na) posse legal das Forças Armadas e da Polícia".
Tomando em consideração a violência que tem assolado a sociedade timorense poderemos compreender a posição assumida pelo presidente Horta e até dar-lhe o benefício da dúvida em relação a comportamentos que indiciavam permitir a Reinado total impunidade.
A situação evoluiu, ele actualmente é Presidente da República, os timorenses já lhe fizeram perceber que não querem o aniquilamento da Fretilin ficando uma vez mais claro que é intolerável que um marginal como Reinado continue em liberdade, sem prestar contas à justiça. Se para Xanana isso era válido, Horta está a deixar perceber que para ele não é, o que é natural num PR de um estado de direito e bastante positivo para a futura credibilidade das instituições e do país.
Compreende-se que a posição de Ramos Horta no seu novo cargo careça de algumas cautelas, mas não deixa de ser caricato que o Presidente da República reconheça o direito de criminosos evadidos de uma prisão, - que posteriormente assaltaram postos de fronteira roubando armas de guerra - ainda sejam "agraciados" com uma autorização para continuarem equipados com as armas mais ligeiras devendo somente entregar os morteiros, bazucas e metralhadoras.
Este facto deixa perceber que ainda agora o Presidente da República não está a tratar do assunto a sério, continuando a amaricar Reinado.
Porque razões desconhecemos - para além das que ele referiu - mas que certamente existem não restam dúvidas e não seria surpreendente que "perdessem" novamente o rasto a Alfredo Reinado e que esta situação ou ainda mais clamorosa se mantivesse por muitos mais meses.
Como diz o outro: esperemos... sentados.
RH nao tem sentido do estado. O estado deve afirmar-se com autoridade. RDTL e um estado de direito e deve actuar por lei. Ninbguem deve estar acima da lei.
ResponderEliminar"As notícias foram sempre escassas e cobertura do acontecimento foi coisa que parece não ter acontecido."
ResponderEliminarÉ que os "noticiadores" têm que fazer a cobertura do bar do Hotel Timor e não podem estar em todo o lado ao mesmo tempo...