segunda-feira, julho 09, 2007

Fretilin Critica Frente De Oposicionistas

Lusa Brasil (adaptado por Blogue Timor Loro Sae Nação) – 7 Julho 2007



Alkatiri declarou à lusa que a Fretilin admite coligar-se com o CNRT se isso “contribuir para estabilizar o país”, afirmando que a formação da frente alternativa “não ajuda nada à estabilidade e paz no país”.

A Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), que venceu as eleições legislativas no último sábado com 29% dos votos válidos, criticou a aliança oposicionista formada por partidos derrotados na disputa. Para a legenda vitoriosa, a proposta de governo "alternativo" é uma espécie de "curto-circuito" em relação à vontade popular. As críticas dirigem-se principalmente ao Congresso Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do ex-presidente Xanana Gusmão, principal adversário dos situacionistas e que obteve 24% dos votos.

Em entrevista colectiva nesta sexta-feira, o secretário-geral da Fretilin, o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, admitiu, no entanto, eventuais coligações com o CNRT se isso significar que irá “contribuir para estabilizar o país”. “Numa situação normal, todos aqueles que aceitaram ir para o veredicto popular deveriam respeitá-lo. O que significa esperar que o partido mais votado tome iniciativas para ver quais as alianças que quer fazer e não curto-circuitar essa possibilidade, frustrando as expectativas do eleitorado”, afirmou Alkatiri. Para o líder da Fretilin, a formação da frente alternativa "não ajuda nada à estabilidade e paz no país". "Mas, ainda assim, temos muito tempo para criar um melhor clima de diálogo.”

NOMEAÇÕES

Segundo o artigo 106 da Lei Eleitoral, relativo à nomeação do primeiro-ministro, cabe ao presidente da República indicar o chefe do executivo pertencente ao partido mais votado ou pela aliança de partidos com maioria parlamentar. "O primeiro-ministro é indigitado [indicado] pelo partido mais votado ou pela aliança de partidos com maioria parlamentar e nomeado pelo presidente da República, ouvidos os partidos políticos representados no Parlamento nacional", informa o artigo.

ALIANÇA

Entretanto, o CNRT, outros dois partidos e uma aliança de outros dois, assinaram um acordo de colaboração política para a formação de uma maioria parlamentar destinada a dar suporte a um governo, mas sem a Fretilin. No total, CNRT, ASDT/PSD, PD e PUN (este último optou por uma associação e não assinou o documento) obtêm um total de votos superior a 50%, garantindo uma maioria parlamentar.

Questionado pela Agência Lusa sobre se a Fretilin está disposta a aceitar negociar com o CNRT uma eventual coligação, Alkatiri disse que, dado que está “aberto a todos”, a força política de Xanana Gusmão “é um partido como outro qualquer”. “O CNRT é um partido como qualquer outro e, se nós estamos abertos a todos os partidos, não podemos fechar as portas a nenhum. Muito menos ao que obteve o segundo lugar. Mas é bom não se personalizar os partidos. Não identificar partidos com pessoas. Porque se não complica as coisas”, afirmou. “Mas uma aliança entre a Fretilin a CNRT, por si só, chegaria à maioria absoluta. Se isso contribuir para estabilizar o país, acho que é um caminho que se tem de seguir”, disse Alkatiri.

O secretário-geral da Fretilin manifestou o “total apoio do partido à proposta do presidente timorense, José Ramos Horta, na procura de um clima de diálogo". “Isso terá todo o apoio da Fretilin. Criar um clima de diálogo envolvendo todos, o que significa um respeito pelo veredicto popular”, disse, ressaltando a importância de se fazer uma correcta leitura do resultado das urnas. “Se nós, líderes partidários deste pequeno país, soubermos fazer uma leitura muito atenta e correcta da mensagem que o povo nos transmitiu através do seu voto, acho que não haverá violência. Se não soubermos fazer essa leitura, e se tentarem a todo o custo marginalizar o partido mais votado, então não se está a criar paz neste país. A paz não se deve impor com a força das armas, muito menos com as armas que vêm de fora”, afirmou Alkatiri.

O líder da Fretilin, acompanhado na conferência de imprensa pelo actual presidente do Parlamento, Francisco Guterres “Lu Olo”, disse ainda que a direcção partidária está em contacto com outras forças partidárias, principalmente com a coligação Kota/PPT, com a Undertim e com o Partido Democrático (PD), que assinou hoje o acordo com o CNRT. “Ainda temos muito tempo para negociar e para haver um clima de paz.”

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