Jornal de Notícias, 05/06/07
Xanana Gusmão vai continuar a campanha eleitoral no distrito de Baucau, apesar dos incidentes violentos de domingo de que resultou a morte de um elemento da comitiva, disse à Lusa, um responsável da candidatura.
José Luís Guterres, um dos 14 elementos da Fretilin-Mudança que integram as listas do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), liderado pelo ex-presidente da República, disse que Xanana continua a campanha "a bem da democracia". Após os incidentes, em Viqueque, no centro leste do país, a caravana de Xanana retirou-se por precaução para Baucau.
Um segurança da campanha do CNRT, Afonso Kudelai, de Ossú, "foi morto à queima-roupa por um elemento não uniformizado e fora de serviço da Polícia Nacional de Timor-Leste" (PNTL), disse uma fonte oficial da missão das Nações Unidas. "O polícia acertou primeiro numa perna e depois deu três tiros na cabeça do segurança", relatou, poucos minutos após o incidente, Germano da Silva, um dos organizadores da campanha do CNRT em Viqueque.
Antes de fazer qualquer comentário, a candidatura de Xanana quer que seja investigado porque é que um polícia da esquadra de Uatulari se encontrava em Viqueque, sede do distrito, sem requisição e armado, disse José Luís Guterres. A Fretilin, adversária do CNRT nesta campanha para as legislativas, exige, por seu turno, saber porque é que o segurança de Xanana se encontrava armado.
A campanha eleitoral para as legislativas de 30 de Junho teve início a 29 de Maio e tanto o CNRT como o partido maioritário FRETILIN escolheram os distritos do leste do país para os primeiros dias de comícios. A FRETILIN tem uma forte implantação no distrito de Viqueque, onde Francisco Guterres "Lu Olo" obteve a 9 de Maio mais do dobro dos votos de Ramos-Horta, que venceu as eleições presidenciais.
Ontem, o presidente da República lamentou a "falta de disciplina" da polícia timorense. Para Ramos-Horta, a polícia "falhou na sua missão de proteger e garantir a segurança da população". "Vários membros da PNTL estão envolvidos em actos criminosos. Podemos, assim, constatar que a indisciplina é ainda muito grande dentro da corporação. Mas não haverá impunidade", avisou o novo chefe de Estado timorense.
A reforma das forças de segurança em Timor-Leste é considerada "vital" para o futuro do país, sobretudo depois dos confrontos e do clima de intimidação que, desde Maio de 2006, têm assolado o jovem Estado, que acedeu à independência há cinco anos.
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