sábado, junho 23, 2007

Timor: «Vivia-se melhor no tempo indonésio», diz PNT

Diário Digital / Lusa
23-06-2007 15:01:00

O presidente do Partido Nacionalista Timorense (PNT), Abílio Araújo, pretende adaptar algumas políticas económicas indonésias e defende que a situação actual do país colocaria em risco a opção pela independência, dado que «se vivia melhor materialmente» durante a ocupação.

«Se não fosse a destruição feita pelos indonésios e pelas milícias (pró-autonomia) em 1999, a situação actual poderia ter gerado uma nova recusa da independência, porque o povinho hoje diz que vivia melhor materialmente», afirmou o líder do PNT.

«É claro que havia repressão e morte» nos 24 anos de ocupação do território, ressalvou Abílio Araújo, «simples empresário que vem investir aqui», antigo líder da Fretilin, que regressou quarta-feira de Portugal, onde tem vivido, para os últimos sete dias de campanha para as legislativas de 30 de Junho.

O militante foi recebido no aeroporto de Díli por cerca de 300 apoiantes, segundo a Polícia das Nações Unidas, situação que gerou uma «altercação» com elementos do campo de deslocados que obrigou à intervenção da UNPol e das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) para «evitar a escalada para um incidente sério».

«Ninguém esperava» o entusiasmo dos apoiantes, disse Abílio Araújo, o que prenuncia que «o PNT vai ser a surpresa desta campanha», adiantando que a sua «imagem ainda está intacta», uma vez que pertence à mesma geração dos actuais líderes timorenses.

Abílio Araújo iniciou-se na política «muito jovem, com um grupo que mais tarde viria a ser a Associação Social-Democrata Timorense (ASDT) e a Fretilin», recordou. A sua posição política era, nessa época, no «género de uma clandestinidade com alguma tolerância do sistema colonial».

«Fui eu que redigi o programa político da Fretilin e escrevi o hino», recordou Abílio Araújo, que situa a sua desavença com a Fretilin na «profunda divergência» com Xanana Gusmão, comandante das Falintil e comissário político nacional do partido, «a partir de 1987/88».

O líder do PNT critica a governação da Fretilin porque, «não obstante ter ganho a maioria absoluta em 2002, deveria ter enveredado por uma política de convergência nacional».

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