Lusa – 31 Maio 2007 - 15:58
Macau, China - Timor-Leste deve preparar-se rapidamente com legislação e organismos de combate à corrupção, defendeu hoje em Macau o secretário-geral do CNRT, Dionísio Babo, ao recordar que há ministros e funcionários públicos que, mesmo com salários baixos, “ficaram ricos”. “Não quero ir mais longe mas, de facto, a realidade mostra isso e não são só ministros mas também pessoas que trabalham como funcionários públicos e que estão em posições que permitem adquirir coisas ou dinheiro de forma ilegal”, afirmou, em declarações à agência Lusa.
Já na quarta-feira, Dionísio Babo tinha dito em entrevista ao diário Hoje Macau que houve em Timor-Leste “casos de ministros do governo com um salário muito baixo e que, em pouco tempo, enriqueceram”. Recusando especificar o nomes dos governantes que inclui no leque dos que enriqueceram, Dionísio Babo Soares, que se encontra em Macau a participar num curso sobre combate à corrupção no Instituto Inter-Universitário de Macau, defende, contudo, que a corrupção em Timor-Leste “não vale nada” se for comparada com países ou territórios muito mais avançados como “Macau, Hong Kong ou países europeus”.
E, além dos valores em dinheiro, o mesmo responsável acrescenta aos crimes de corrupção os actos de “abuso de poder” e dá como exemplo “a utilização de carros do Estado para fazer campanha por um candidato, como aconteceu nas eleições presidenciais”, referindo-se a Francisco Guterres “Lu Olo” e aos ministros da Fretilin que participaram em acções de campanha do presidente do Parlamento Nacional.
“Vendo o que está a acontecer e vendo a falta de transparência na gestão dos recursos do Estado , acho que é muito necessário e normal para um país como Timor-Leste ter já não só instituições encarregues de trabalhar nessa área, mas também leis orgânicas que respondam devidamente aos casos de corrupção”, assinalou.
Sublinhando que o Código Penal Indonésio, ainda em vigor no país, não é “muito especifico” no casos de corrupção, Dionísio Babo Soares considera “que qualquer governo que lidere o país depois das eleições legislativas do final de Junho deve tomar medidas nesta direcção”.
É que, disse, “Timor-Leste é um país muito pobre e tem 80 por cento da população a viver na miséria e há pessoas a usar meios públicos sem controlo”.
O CNRT é um dos 13 partidos e coligações concorrentes às eleições legislativas timorenses que se realizam a 30 de Junho.
JCS-Lusa/fim
"[...] referindo-se a Francisco Guterres “Lu Olo” e aos ministros da Fretilin que participaram em acções de campanha do presidente do Parlamento Nacional."
ResponderEliminarÉ verdade que é preciso acabar com a corrupção e abuso de poder em Timor-Leste (tal como no resto do mundo). Mas nos exemplos que deu, Dionísio Soares "esqueceu-se" de referir outros dois:
1 - O apoio explícito do então Presidente da República Xanana Gusmão a um dos candidatos a seu sucessor e a sua presença em vários comícios de RH, incitando os eleitores a votarem nele, tendo mesmo aproveitado um desses comícios para anunciar a criação do seu novo partido.
2 - A participação impune de Rai Los na campanha eleitoral desse candidato, que também afirmou (na qualidade de 1º Ministro) que se devia suspender a captura de Reinado, como moeda de troca do apoio de um partido político à sua candidatura.