sábado, junho 23, 2007

Políticas? Quem precisa delas?

Tradução da Margarida:

The Economist
UK

Alternando
Jun 21 2007 DILI
Da edição impressa do The Economist

Policies? Who needs them?

Sob o slogan “Libertámos o país...agora libertamos o povo,” Xanana Gusmão está a fazer campanha sem descanso para as primeiras eleições legislativas de Timor-Leste em 30 de Junho. O Sr Gusmão, líder da resistência contra a governação Indonésia, foi presidente desde a independência em 2002 até ao mês passado. Naquele cargo está agora José Ramos-Horta, um laureado do Nobel pelo seu trabalho na resistência no exílio. Nas eleições presidenciais derrotou com facilidade o candidato do partido no poder, a Fretilin. O Sr Gusmão agora quer suceder ao seu velho aliado como primeiro-ministro.

Reuters

Xanana (frente) e José: troca de lugares. Membros do seu novo partido o CNRT, estão febrilmente escrever uma constituição e programa do partido. O Sr Gusmão pode bem ganhar mesmo sem eles. Os comícios do CNRT atraem grandes multidões. Mas a sua campanha assenta apenas no carisma do Sr Gusmão e nas críticas à Fretilin por incompetência e corrupção. O CNRT, cujo nome lembra a coligação da resistência que o Sr Gusmão liderou no final dos anos de 1990s, nem sequer tenta oferecer políticas.

O Sr Gusmão pode contar com o apoio dos outros partidos da oposição e a simpatia da influente igreja católica. Todos estão desejosos de ver a Fretilin pelas costas, liderada por Mari Alkatiri, e dominada pela sua “clique de Maputo” de antigos exilados em Moçambique. Está ainda acossada por fraccionismo. Uma facção “Reforma” juntou-se mesmo à campanha do Sr Gusmão e apela aos seguidores para votarem no CNRT. Mas a Fretilin é ainda o partido com o maior número de militantes. Os observadores esperam uma corrida ombro-a-ombro com o CNRT. Membros do parlamento de 65 lugares serão eleitos por representação proporcional para um mandato de cinco anos. Dos 14 partidos e coligações que estão em disputa apenas dois outros são esperados ganhar muitos lugares. Provavelmente juntar-se-ão a uma coligação liderada pelo CNRT.

A campanha tem sido razoavelmente pacífica. Mas a violência pode ser desencadeada por movimentações de última hora feitas pelo parlamento dominado pela Fretilin. Mudou a lei eleitoral de modo que os votos serão contados m cidades dos distritos em vez de em cada uma das estações de votação. Ostensivamente para prevenir intimidação a nível de aldeia, a mudança pode fazer aumentar as alegações de fraude eleitoral. Desde uma quebra da segurança no ano passado a ONU tem outra vez uma grande presença em Timor-Leste, juntamente com tropas lideradas pelos Australianos. A Fretilin não confia neles para garantir a segurança, contudo as eleições presidenciais foram pacíficas.

O novo governo enfrentará grandes problemas: uma população pobre, mal nutrida com a mais alta taxa de fertilidade do mundo; elevado desemprego; guerra de gangs entre grupos de jovens desmotivados; cerca de 100,000 pessoas em campos de deslocados; e um desertor das forças armadas escondido nas montanhas com os seus seguidores bem armados.

Contudo terá também mais de $1.2 biliões em rendimentos de petróleo bem guardados. O Sr Ramos-Horta, que constitucionalmente não tem qualquer controlo nas decisões económicas, tem andado a promover Timor-Leste como uma zona de comércio livre. Quer ainda subsidiar o cultivo do arroz e do café e distribuir algum do dinheiro do petróleo em entregas monetárias aos pobres. Este populismo fiscal alarma alguns observadores, como o ICG (International Crisis Group) uma organização que espera que a administração do CNRT seja mais consultante e transparente do que a da Fretilin, mas que questiona as suas “capacidades profissionais”. Seja qual for o partido que ganhe, um relatório do ICG conclui sombriamente que o resultado será muito menos um governo unificado que será provavelmente muito menos eficaz do que o seu antecessor.

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