O Primeiro de Janeiro - 27 de Junho de 2007
O Presidente timorense, José Ramos-Horta, “aconselhou” ontem o partido que sair vencedor das legislativas do próximo sábado a “não cometer o mesmo erro do anterior governo da Fretilin”.
O meu conselho, enérgico, é que o partido que ganhar as eleições [legislativas do próximo sábado] não cometa o erro da Fretilin. O partido que ganhar, que abrace os (outros partidos) que têm a mesma afinidade ideológica ou programática”, afirmou ontem o chefe de Estado timorense.
José Ramos-Horta falava aos jornalistas no final do comício de encerramento da campanha eleitoral do Congresso Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), liderado pelo seu antecessor no cargo, Xanana Gusmão, que o convidou a assistir, tal como outras forças políticas o fizeram, inclusivamente a Fretilin.
“Alegra-me dizer que a maioria dos partidos com que falei, inclusive a Fretilin, estão abertos para formar um governo de unidade nacional”, acrescentou, lamentando não ter conseguido participar em acções de campanha de todos os 10 partidos e duas coligações que se apresentam à votação do próximo sábado.
Ramos-Horta, vencedor das eleições presidenciais de 9 de Maio mostrou se “optimista” quanto ao desenrolar “pacífico” da campanha e mesmo no próprio dia da votação.
“Estou optimista pois, a haver alguns incidentes ou actos de violências, serão muito reduzidos e localizados. Sabemos e prevemos onde poderão ocorrer incidentes e as medidas que serão tomadas”, afirmou. Segundo o chefe de Estado timorense, nas duas últimas semanas de campanha, os incidentes “foram escassos e de pouca monta”, contrastando com o que se passou no início, quando duas pessoas foram mortas a tiro no distrito de Viqueque (centro sul), ambas ligadas ao CNRT. Perante cerca de três mil apoiantes e militantes do CNRT, Xanana apresentou os últimos argumentos para tentar convencer o eleitorado de Díli. Governar com “transparência”, “privilegiar” a justiça, saúde e educação, “combater” a corrupção foram as bandeiras apresentadas pelo ex-presidente timorense (2002/07), por entre apelos à paz, estabilidade e a que todos evitem confrontos com apoiantes de outras forças políticas.
A capital timorense, aliás, passou ontem, “com distinção”, o primeiro de dois dias em que as forças de segurança e as organizações internacionais receavam como potenciais oportunidades de ocorrência de incidentes, uma vez que Díli é palco de 12 comícios nas últimas 36 horas da campanha das legislativas do próximo sábado. Ontem, o dia decorreu sem incidentes, embora no meio de uma grande e vasta operação de segurança, monitorizada pelas forças timorenses e internacionais, visível sobretudo nas imediações do estádio onde Xanana deu por terminada a sua participação na campanha, apesar desta encerrar oficialmente às 24h00 de hoje (16h00 em Lisboa).
Governo - Relatório
O Governo timorense decidiu divulgar o relatório da Comissão de Notáveis sobre os peticionários das Forças Armadas, anunciou ontem o primeiro-ministro Estanislau da Silva. A Comissão, criada pelo ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri em Maio de 2006, investigou o problema dos peticionários das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL). “É um relatório sobre factos. A interpretação e a análise é para os académicos”, explicou Estanislau da Silva.
O primeiro-ministro resumiu as recomendações da Comissão às F-FDTL e aos peticionários e repetiu que qualquer solução do problema tem de respeitar a “disciplina” e o enquadramento legal e regulamentar das Forças Armadas. “Não podemos criar precedentes que, no futuro, tornariam impossível a gestão das F-FDTL”, frisou.
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