segunda-feira, junho 11, 2007

Carrascalão: «Gente à volta de Xanana é do pior que há»

Diário Digital / Lusa
11-06-2007 11:12:17

O ex-Presidente Xanana Gusmão, líder do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) e candidato às legislativas de 30 de Junho, está rodeado de «gente do pior que há em Timor-Leste», afirmou hoje Mário Viegas Carrascalão.

«Há indivíduos que estão com ele que se chamavam, por exemplo, Francisco UDT, depois chamaram-se Francisco APODETI, hoje são Francisco CNRT», disse à Agência Lusa o presidente do Partido Social Democrata (PSD) e cabeça-de-lista da coligação eleitoral com a Associação Social Democrática Timorense (ASDT).

«São um grupo de pessoas que viram no fascínio de Xanana, na posição que Xanana tem, a possibilidade de viver à sombra dele», acrescentou Mário Carrascalão numa entrevista concedida a meio da campanha eleitoral, acrescentando que «o objectivo número um de Xanana é destruir Mari Alkatiri».

«Não é destruir a FRETILIN», analisou o líder do PSD e ex-governador de Timor durante dez anos, quando o território se encontrava sob a ocupação indonésia.

«Xanana Gusmão está a dar guarida à chamada FRETILIN-Mudança, que vai depois regressar à FRETILIN quando destituírem Mari Alkatiri», secretário-geral do partido maioritário e ex-primeiro-ministro.

«Isso não é saudável aqui para Timor», considerou Mário Viegas Carrascalão.

«Eu gostaria de ver Alkatiri destruído democraticamente, e quando digo destruído é eliminado da cena política em eleições», não de qualquer maneira.

«Mas a última coisa que eu queria era ser acusado de contribuir para a instabilidade em Timor e tenho de arranjar forma de convivência com o próprio CNRT, que tem muita gente, muita gente, de quem não gosto», adiantou Mário Carrascalão.

«Isto engana o povo, que olha a sigla e pensa que este partido lutou pela libertação de Timor», continuou o presidente do PSD pegando num jornal do dia e apontando o artigo de primeira página sobre o CNRT.

«Eu tenho explicado na campanha que, se este partido fosse o antigo CNRT, eu próprio faria parte, todos juntando esforços. Mas não é o caso», destacou o presidente do PSD, que integrou o primeiro CNRT (Conselho Nacional da Resistência Timorense) antes da independência do país.
«Eu não gostaria de ver um herói nacional, um dos pais da nossa unidade nacional, como primeiro-ministro se o CNRT vencer, sofrer as consequências de erros que o destituirão da História como o homem de quem todos os timorenses se orgulham que passa a ser como qualquer outro».

Para Carrascalão, Xanana corre o risco de perder a credibilidade que tinha, porque «para ser governo, é preciso ter-se sensibilidade para assuntos dministrativos e temas sociais. Não é só discursar. É preciso saber como».

«Há com certeza técnicos para fazer as coisas, mas se um líder não acompanhar, é co-responsável. É engolido», prosseguiu, opinando que Alkatiri é odiado em Timor-Leste.

«A maior parte da população odeia-o. Talvez sem razão. Eu não sei», afirmou, esclarecendo que ele liderou um Governo que «nunca disse a Alkatiri que discordava dele ou em que algum ministro ameaçasse sair. Todos querem comer. E isso vai ser pior com o CNRT».

«Xanana é um homem bom demais para fazer o que eu fiz durante dez anos aqui em Timor: usar o princípio de que só morro uma vez mas aquilo que eu entender que está certo, é isso que eu vou fazer», analisou ainda Mário Viegas Carrascalão.

«Xanana parte de piores condições, porque já tem um adversário muito grande que é a FRETILIN-Maputo, ou Radical como muita gente diz (...), e vão mobilizar cada vez com mais força contra ele».

«Xanana é um homem muito sensível, um homem que actua muito emocionalmente. É um homem bom», disse Mário Viegas Carrascalão na entrevista à Lusa.

«Eu não sou como ele. Sou bom mas não sou aquele bom como o Xanana, que chora e comove as pessoas. Para mim, o que é, é. Quem gosta, gosta, quem não gosta, não gosta. Não vou modificar-me para fazer jeitos», declarou.

Sobre a candidatura de Xanana Gusmão, o candidato do PSD às legislativas declarou que «ele é uma pessoa que devia continuar na posição de um pai deste país, e não meter-se em questões de governos».

«Já com José Ramos-Horta eu disse: você é um Nobel da Paz, deve cuidar da paz, da harmonia, e um chefe de governo tem que tomar decisões drásticas. Vai causar muita antipatia».

Para Mário Viegas Carrascalão, o novo Presidente da República «deu o primeiro passo errado» ao promulgar a lei de alteração eleitoral.

«Eu adiava as eleições mas nunca assinaria uma lei contra a minha consciência. O próprio José Ramos-Horta dizia que não concordava com a lei», concluiu.

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