Timor: Fretilin Mudança afasta hipótese de criar partido
O líder da Fretilin Mudança e ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, afastou hoje a hipótese de criar um novo partido mas pede mudanças na Fretilin e novas políticas para o país. «Não, neste momento estamos na Fretlin e queremos continuar a ser membros do partido», afirmou ao salientar que a mudança que pretende para o seu partido «é um processo político» sobre o qual é preciso ver a reacção da parte contrária - adversários internos. José Luís Guterres falava à agência Lusa à margem da cerimónia de cumprimentos de despedida do corpo diplomático a Xanana Gusmão, confirmou encontros recentes entre Mari Alkatiri e membros da facção «Mudança» da Fretilin e explicou que o congresso extraordinário visa «que todas as sensibilidades possam debater ideias e candidatar-se à liderança nacional». «O processo da mudança é um processo contínuo e mal das organizações políticas que não se adaptem às realidades de hoje», afirmou o chefe da diplomacia timorense. «Nós tentámos no último congresso, dentro das normas estatutárias, apresentar pontos de vista, apresentar alternativas à actual liderança política», afirmou para sublinhar que nunca lhe foi permitido intervir no congresso que reconduziu Mari Alkatiri como secretário-geral da Fretilin. Por isso, explicou, pretende um congresso, para «projectar a mudança para a Fretilin e para o país». Apoiante da candidatura presidencial de José Ramos-Horta, José Luís Guterres recordou que o candidato e actual primeiro-ministro é um dos fundadores da Fretilin que «representou sempre a ala moderada do partido». «Eu também faço parte dessa ala moderada», assinalou. O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo de Timor-Leste acrescentou também que uma eventual derrota de «Lu Olo» nas presidenciais «significa o descrédito da actual liderança» da Fretilin e deixou o alerta aos seus companheiros de partido que «já deviam ter tirado ilações do resultado na primeira volta». «A Fretilin nas primeiras eleições teve quase 60 por cento dos votos e agora tem 28 por cento», disse ao salientar o partido precisa de «fazer um esforço muito grande» para «analisar a realidade que se vive em Timor e tomar políticas acertadas para essa realidade e não continuar a afirmar-se ou comportar-se como se nada existisse à sua volta». «O sonho antigo de ser único e exclusivo hoje já não dá», sustentou. Além de Horta como fundador, José Luís Guterres recordou também Xanana Gusmão como o homem que «reconstituiu toda a Fretilin» durante a luta pela libertação mas que pelas exigências internas da resistência teve de «alargar a base de apoio e sustentação à luta de libertação nacional abrindo as portas a todas as sensibilidades nacionais para darem o seu contributo para a luta». José Luís Guterres considerou também que Xanana Gusmão preferiria agora ir descansar mas as «políticas de arrogância, exclusão dos meus colegas e a falta de sensibilidade para lidar com a população timorense, falta de políticas para o desenvolvimento rural, fez com que o país estivesse quase destruído, à beira de ser um Estado falhado» levando o ainda Chefe de Estado a manter-se activo na política. «Por causa de tudo isso é que estamos a dar as mãos com Xanana Gusmão e com todos os líderes dos partidos que existem em Timor-Leste, incluindo no seio da Fretilin, para ver se encontramos uma saída defendendo os interesses nacionais, a soberania e o desenvolvimento rural para que a população viva melhor», afirmou. O governante deixou também um desafio a quem possa ter dúvidas sobre as dificuldades do povo: «vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia com excepção da liberdade que hoje tem em Timor-Leste». Diário Digital / Lusa 08-05-2007 10:04:37 http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=275090
Timor: Fretilin Mudança afasta hipótese de criar partido
ResponderEliminarO líder da Fretilin Mudança e ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, afastou hoje a hipótese de criar um novo partido mas pede mudanças na Fretilin e novas políticas para o país.
«Não, neste momento estamos na Fretlin e queremos continuar a ser membros do partido», afirmou ao salientar que a mudança que pretende para o seu partido «é um processo político» sobre o qual é preciso ver a reacção da parte contrária - adversários internos.
José Luís Guterres falava à agência Lusa à margem da cerimónia de cumprimentos de despedida do corpo diplomático a Xanana Gusmão, confirmou encontros recentes entre Mari Alkatiri e membros da facção «Mudança» da Fretilin e explicou que o congresso extraordinário visa «que todas as sensibilidades possam debater ideias e candidatar-se à liderança nacional».
«O processo da mudança é um processo contínuo e mal das organizações políticas que não se adaptem às realidades de hoje», afirmou o chefe da diplomacia timorense.
«Nós tentámos no último congresso, dentro das normas estatutárias, apresentar pontos de vista, apresentar alternativas à actual liderança política», afirmou para sublinhar que nunca lhe foi permitido intervir no congresso que reconduziu Mari Alkatiri como secretário-geral da Fretilin.
Por isso, explicou, pretende um congresso, para «projectar a mudança para a Fretilin e para o país».
Apoiante da candidatura presidencial de José Ramos-Horta, José Luís Guterres recordou que o candidato e actual primeiro-ministro é um dos fundadores da Fretilin que «representou sempre a ala moderada do partido».
«Eu também faço parte dessa ala moderada», assinalou.
O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo de Timor-Leste acrescentou também que uma eventual derrota de «Lu Olo» nas presidenciais «significa o descrédito da actual liderança» da Fretilin e deixou o alerta aos seus companheiros de partido que «já deviam ter tirado ilações do resultado na primeira volta».
«A Fretilin nas primeiras eleições teve quase 60 por cento dos votos e agora tem 28 por cento», disse ao salientar o partido precisa de «fazer um esforço muito grande» para «analisar a realidade que se vive em Timor e tomar políticas acertadas para essa realidade e não continuar a afirmar-se ou comportar-se como se nada existisse à sua volta».
«O sonho antigo de ser único e exclusivo hoje já não dá», sustentou.
Além de Horta como fundador, José Luís Guterres recordou também Xanana Gusmão como o homem que «reconstituiu toda a Fretilin» durante a luta pela libertação mas que pelas exigências internas da resistência teve de «alargar a base de apoio e sustentação à luta de libertação nacional abrindo as portas a todas as sensibilidades nacionais para darem o seu contributo para a luta».
José Luís Guterres considerou também que Xanana Gusmão preferiria agora ir descansar mas as «políticas de arrogância, exclusão dos meus colegas e a falta de sensibilidade para lidar com a população timorense, falta de políticas para o desenvolvimento rural, fez com que o país estivesse quase destruído, à beira de ser um Estado falhado» levando o ainda Chefe de Estado a manter-se activo na política.
«Por causa de tudo isso é que estamos a dar as mãos com Xanana Gusmão e com todos os líderes dos partidos que existem em Timor-Leste, incluindo no seio da Fretilin, para ver se encontramos uma saída defendendo os interesses nacionais, a soberania e o desenvolvimento rural para que a população viva melhor», afirmou.
O governante deixou também um desafio a quem possa ter dúvidas sobre as dificuldades do povo: «vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia com excepção da liberdade que hoje tem em Timor-Leste».
Diário Digital / Lusa
08-05-2007 10:04:37
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=275090