Diário de Notícias, 06/05/07
LUÍS NAVES
A campanha eleitoral das presidenciais em Timor-Leste entrou na recta final. O candidato apoiado pela Fretilin, Francisco Guterres "Lu-Olo", realizou ontem o último comício em Díli e acusou o seu rival na segunda volta, José Ramos-Horta, de contar com apoio das forças internacionais estacionadas no país e de não defender os recursos energéticos.
Na véspera, "Lu-Olo", que ficou à frente na primeira ronda, com quase 28%, acusara o primeiro-ministro Ramos Horta de compra de votos. A votação realiza-se na quarta-feira.
No comício de ontem, que reuniu 300 pessoas no Parque da Independência (segundo a Lusa), o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, lançou duras críticas a Ramos-Horta e ao presidente Xanana Gusmão, que poderá tentar chefiar um futuro governo: "Não tenho dúvida de que se o presidente for Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, este país vai enveredar por um caminho de desenvolvimento insustentável, o que significa que daqui a 20 anos, teremos um país completamente em ruínas", disse o ex-governante.
Alkatiri foi vítima da grave crise política do ano passado, que motivou a intervenção de forças internacionais lideradas pelos australianos e provocou a queda do seu executivo. Segundo a Fretilin, o candidato rival tem apoio da força internacional (que não consegue deter o major Alfredo Reinado, o homem que esteve na origem da crise de 2006). Outra acusação é dirigida aos rendimentos de Ramos-Horta, que o primeiro-ministro recusa divulgar, alegando não ser exigência constitucional.
Foi o Governo de Alkatiri que negociou com a Austrália a partilha do petróleo no offshore ao largo de Timor. Isso valeu algumas centenas de milhões de dólares para a antiga colónia portuguesa, mas garantiu também pouca simpatia de Camberra pelos dirigentes da Fretilin. Os media australianos, aliás, têm centrado a cobertura da segunda volta sobretudo em José Ramos-Horta.
É difícil avaliar até que ponto será importante, nesta campanha, a discussão em torno da soberania timorense dos recursos petrolíferos, nomeadamente a decisão sobre o local onde será processado o gás natural do offshore conhecido por Greater Sunrise, com duas opções: Austrália ou Timor-Leste. Lu-Olo defende uma companhia nacional para explorar o gás natural do país e processamento do offshore em Timor. O primeiro-ministro quer deixar a decisão para o Banco Mundial.
A Fretilin acusou igualmente Ramos-Horta de estar a comprar votos, mas ainda não forneceu as provas que diz possuir, nomeadamente testemunhos de pessoas aliciadas. Os apoiantes de Ramos-Horta negam todas as acusações. O primeiro-ministro tem o mandato suspenso e está em acções de campanha fora da capital.
A alegação de apoio a um dos candidatos foi entretanto rejeitada pelo porta-voz das Forças de Estabilização Internacionais. A fonte garantiu que o contingente mantém uma "posição neutra e imparcial no processo" eleitoral. - Com Lusa
O Luís Naves nem o Telejornal da RTP 1 viu, nem lê os takes da Lusa e também nem se esforçou por esclarecer o assunto junto da Fretilin. Afinal têm tanta tecnologia da informação, estão tão bem equipados e entretanto deixam os seus leitores descalços. Compreende-se como isso convèm ao(s) boss(es).
ResponderEliminar