Diário de Notícias – Quarta-feira, 9 de Maio de 2007
Ensaio para as legislativas de Junho
Armando Rafael
Xanana poderá ser o próximo primeiro-ministro.
Ramos-Horta deverá ser o próximo presidente de Timor-Leste, derrotando Francisco Guterres (Lu-Olo) na segunda volta das eleições presidenciais que hoje se realizam no país.
Na ausência de sondagens, esta é, pelo menos, a expectativa criada pelos apoios que os dois candidatos recolheram entre as duas voltas deste escrutínio. Na primeira volta, que se efectuou a 9 de Abril, Lu-Olo, o candidato da Fretilin - partido que tem governado o país desde a independência em 2002 - obteve 27,9% dos votos, contra 21,8% de Ramos-Horta.
Só que o primeiro-ministro em exercício conseguiu reunir à sua volta o apoio de cinco dos seis candidatos preteridos. Com destaque para Fernando Lassama, o líder do Partido Democrático (PD), que registou uns surpreendentes 19,18%.
Com excepção de Manuel Tilman, que conseguiu 4,2% e que apoiou Lu-Olo, tanto Xavier do Amaral (14,4%), como Lúcia Lobato (8,9%), Avelino Coelho (2%) e João Carrascalão (1,7%) optaram por Ramos-Horta, o candidato preferido por Xanana Gusmão para lhe suceder no Palácio das Cinzas.
O que, em termos práticos, significa que estas presidenciais deverão transformar-se num balão de ensaio para as legislativas de 30 de Junho, e que ficarão marcadas pela estreia do partido criado por Xanana: o Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).
Sem que, neste momento, se consiga perceber muito bem o que é que poderá suceder depois das legislativas, tendo em conta que um dos poucos elos de ligação que parece existir entre Ramos-Horta, Xanana Gusmão, Fernando Lassama, Lúcia Lobato ou Xavier do Amaral passa apenas por afastar a Fretilin e o seu líder, Mari Alkatiri, do poder.
A partir daqui está tudo em aberto. Quanto mais não seja porque nenhum dos partidos deverá repetir a maioria absoluta alcançada pela Fretilin para a Constituinte de 2001. Abrindo-se, assim, espaço a um eventual executivo de coligação, que poderá vir a ser liderado por Xanana Gusmão. Sobretudo se o CNRT tiver mais votos do que o PD e se estes dois partidos em conjunto ultrapassarem a Fretilin, remetendo o partido de Alkatiri e Lu-Olo para a oposição.
Foi a pensar já nas legislativas que Lu-Olo e a Fretilin decidiram alterar a sua estratégia de campanha para a segunda volta das presidenciais. Em vez de voltar a percorrer o país, deslocando-se aos 13 distritos timorenses, Lu-Olo optou, desta vez, por se concentrar em Díli, onde na primeira volta perdeu para Ramos-Horta, deixando que as estruturas do partido se concentrassem no resto. Nomeadamente nos esforços de mobilizações dos autoridades tradicionais que lhe são mais próximas, tentando inverter a tendência para o esvaziamento da Fretilin em certas regiões de Timor-Leste.
Como sucedeu, por exemplo, nos distritos que se situam na parte ocidental do país, onde a queda da Fretilin foi demasiado evidente na primeira volta. Ao ponto de Lu-Olo só ter vencido nos três distritos que se situam no ponto oposto de Timor-Leste: Baucau, Viqueque e Lautém.
A hipótese de a Fretilin continuar no poder parece, assim, comprometida. Em especial porque numa primeira fase contará com a oposição daquele que deverá ser hoje eleito presidente. O que, a confirmar-se, não deixaria de ser algo irónico, uma vez que Ramos-Horta passou o último ano à frente de um Governo da Fretilin, tendo integrado ainda os executivos de Mari Alkatiri.
Segundo os resultados provisorios apurados Lu-Olo so venceu em Viqueque. Na primeira volta Lu Olo venceu em Lautem, mas desta ves Lu Olo foi ultrapassda largamente por Ramos Horta. Faltam apurados os distritos de Baucau e Covalima.
ResponderEliminarIsto significa que Lu Olo e a Fretilin, principalmente Alkatiri estao derrotados em todas as frentes
Então a Fretilin foi o partido cujo candidato foi o mais votado frente aos candidatos apoiados pelos respectivos partidos, em separado, então depois de um ano de presença Australiana e de perseguição e difamação o Horta tem muito menos do que teve o Xanana e isto é uma derrota? A ver vamos se ficando a Fretilin outra vez em primeiro lugar em 30 de Junho se atreve então a dizer que afinal a vitória é derrota!
ResponderEliminarMargarida, mais uma vez: as eleições presidenciais são disputadas por individualidades; não por partidos.
ResponderEliminarO papel dos partidos é apoiar candidatos.
Entre dois candidatos só pode vencer um. Foi isso que aconteceu. Fretilin e Kota viram o seu candidato perder a eleição. Os restantes partidos viram o seu candidato vencer.
Em última análise (em linguagem de análise política) pode-se dizer que uns partidos tiveram uma derrota moral e outros uma vitória moral.
“Lu Olo e a Fretilin, principalmente Alkatiri estao derrotados em todas as frentes” foi a isto que eu respondi, Mane. E dê-lhe as voltas que quiser dar de facto tendo sido o candidato da Fretilin o candidato mais votado frente aos candidatos apoiados pelos respectivos partidos é um disparate dizer-se que “Lu Olo e a Fretilin, principalmente Alkatiri estao derrotados em todas as frentes”. Não só não estão como a Fretilin continua a ser o partido nº 1 e o Horta nem atingindo os 70% ficou longe dos quase 82% que há cinco anos teve o Xanana, apesar da confusão que armaram para assacar responsabilidades e minar o prestígio da Fretilin e até da interferência directa dos soldados Australianos em comícios da Fretilin intimidando os seus apoiantes.
ResponderEliminar