Díli, 12 Abr (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, afirmou hoje que o seu partido está preocupado com a abertura de urnas sem a presença de fiscais na Comissão Nacional de Eleições (CNE) na noite de quarta-feira.
"Nós fomos imediatamente alertados e enviámos gente nossa para estar ali", declarou o secretário-geral da Fretilin durante a conferência de imprensa realizada às 11:00 (03:00 em Lisboa).
"Achamos extremamente estranha a atitude de alguns (funcionários) internacionais, na ausência do STAE e dos membros da CNE, andarem por aí a rebiscar os votos que chegaram dos distritos".
O STAE, Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, dependente do Governo, e a CNE são os dois órgãos directamente envolvidos no organização das eleições presidenciais de 09 de Abril e no apuramento dos resultados.
Mari Alkatiri referia-se à existência de urnas abertas na sede da CNE, já depois da meia-noite de quarta-feira.
A Lusa constatou no local, pouco antes da 01:00 de hoje, que havia cinco urnas abertas dentro da sala de escrutínio da CNE, relativas ao distrito de Díli.
Dois observadores e três fiscais eleitorais da Fretilin tentavam obter esclarecimentos directamente junto dos funcionários da CNE que faziam a revisão dos votos.
"Vocês abriram as urnas sem autorização, sem a presença dos comissários", acusou Filomena de Almeida, directora-adjunta da Comissão Nacional de Gestão de Eleições da Fretilin.
"Eles estão a separar boletins de voto para serem vistos amanhã de manhã", respondeu um dos funcionários da CNE.
"Veja, isto não são votos, são actas!", explicou o mesmo funcionário, numa discussão em inglês que foi subindo de tom.
"Não somos estúpidos!", repetia a observadora da Fretilin.
"Não se vão safar desta! Estão a abrir envelopes que só deviam ser abertos amanhã", acrescentou.
"Um comissário esteve aqui quando abriram as urnas", insistiu outro funcionário da CNE.
"Tente compreender, madame: se nós quiséssemos fazer alguma coisa (de errado), não o faríamos com a porta aberta e uma parede de vidro", como a que permite que qualquer pessoa que entre na CNE veja o que está a ser feito na sala de tratamento dos votos, acrescentou.
Contactado hoje de manhã pela Lusa, o presidente da CNE, Faustino Cardoso, insistiu que "não houve nenhuma irregularidade com o processo de tratamento dos votos" que vão chegando dos distritos à sede da Comissão.
PRM-Lusa/Fim
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