segunda-feira, abril 30, 2007

Timor-Leste: CNRT defende participação activa e consciente população no futuro

Díli, 28 Abr (Lusa) - O vice-presidente do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) Eduardo Barreto defendeu hoje que o desenvolvimento de Timor-Leste tem de passar pela "participação consciente e activa das populações".
Ao intervir na cerimónia de abertura do primeiro congresso do novo partido, cuja imagem é o ainda chefe de Estado, Xanana Gusmão, Eduardo Barreto afirmou que o primeiro encontro nacional do partido "é mais um passo na reafirmação de uma nação livre e autónoma que, estando a consolidar o seu sistema democrático, está aberta ao pluralismo de ideias".

Eduardo Barreto lembrou também que libertada a pátria da ocupação indonésia, "coloca-se um novo desafio que precisa de igual empenho que é o de libertar o povo".

O início do conclave do CNRT, precisamente no mesmo local onde o Conselho Nacional da Resistência Timorense, o antigo CNRT, foi extinto, ficou marcado pela presença de José Ramos-Horta, chefe do Governo com funções suspensas por causa da campanha para as presidenciais onde disputa a segunda volta com o candidato da Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo", e de João Carrascalão, dirigente da União Democrática Timorense.

Depois de tocado o hino nacional, o hino do partido, de um minuto de silêncio pelos heróis da pátria e de uma pequena oração conduzida por uma madre local, o congresso teve início com a intervenção de Eduardo Barreto que, além de apelar à participação de todos, defendeu a promoção da "unidade nacional em torno de objectivos supremos que valorizem os sacrifícios anteriores".

"Temos de ouvir todos os timorenses, temos de extrair do povo as suas dificuldades, necessidades e aspirações, temos de ir às bases para poder criar um programa que seja de todos os timorenses (...) e em que todos se revejam", afirmou.

"O povo é o início, o motor e o fim últimos desta missão", sublinhou.

Eduardo Barreto disse também que o CNRT quer "combater a frustração e o descontentamento" popular que "se revelou sobretudo na última crise de Abril e Maio de 2006" bem como o "desrespeito" por aqueles que não foram ouvidos nos seus desejos.

"O Estado não foi capaz de assegurar o respeito pela dignidade humana, não criou as condições necessárias para proceder a uma mudança de mentalidades que seja orientada por uma cultura de paz onde se pratiquem valores como a tolerância e os direitos cívicos e humanos", sustentou.

Por isso, disse, "surgiu o CNRT, para incutir uma cultura democrática nas comunidades, uma cultura de transparência e de responsabilização nas instituições do Estado, uma cultura de Justiça, credível, independente e imparcial no sistema judicial timorense, uma cultura de justiça social pelo envolvimento de todos os cidadãos nas grandes decisões do Estado".

Eduardo Barreto adiantou que o CNRT "assume o compromisso de proporcionar ao povo um futuro melhor no pressuposto do desenvolvimento económico, social e político, digno do respeito que os timorenses merecem e merecedor do respeito da comunidade internacional".

JCS-Lusa/Fim

2 comentários:

  1. "surgiu o CNRT para incutir uma cultura democratica nas comunidades.....". O record do Xanana nos ultimos 12 meses, mostra-nos muito bem a sua ideia de "Democracia", nao esquecendo o que o Ramos Horta tem dito. Grandes Democratas!
    Ze Cinico

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  2. Gostava de saudar o aparecimento deste novo partido, embora ache o nome infeliz, partindo do princípio de que a sua escolha foi apenas fruto de falta de imaginação e não teve o intuito de induzir o povo em erro na hora da votação.

    Sempre disse que Xanana devia fundar um partido, se queria envolver-se mais na política em geral e na governação em particular. Um Presidente não governa, nem por decreto nem com golpes mais ou menos palacianos e Xanana demorou tempo demais a aperceber-se disso - e quando se apercebeu já era tarde demais para desfazer certos erros graves que cometeu, cujas consequências continuam a repercutir-se diariamente no País.

    A fundação de um novo partido permitirá também a Xanana demonstrar e aplicar na prática todos os preceitos, princípios, conselhos e lições de moral que tem pregado em relação à Fretilin, em relação à qual tem um antigo e persistente recalcamento. Felizmente, também neste aspecto Xanana chegou finalmente à conclusão de que não tem o direito nem a autoridade de obrigar outros partidos a pensarem e agirem como ele quer, só porque ele quer.

    Vejo também com agrado que os muitos - demasiados - partidos timorenses chegam à conclusão de que têm todo o interesse em formarem coligações, alianças, etc, para alargarem a sua representatividade, em vez de cada um reivindivar o pretenso estatuto de verdadeiro representante do povo, ainda que em muitos casos representem pouco mais do que a família e alguns amigos.

    No entanto, estas alterações - positivas - que enumerei não chegam. Defender a "participação activa das populações", "libertar o povo", defender a "unidade nacional em torno de objectivos supremos", "ouvir todos os timorenses", "combater a frustração", "o descontentamento" e o "desrespeito", "incutir uma cultura democrática", "de Justiça", "de transparência" e "de justiça social", "proporcionar ao povo um futuro melhor", para citar Eduardo Barreto, são apenas desejos muito vagos e que poderiam ser subscritos por todos os partidos do mundo - incluindo os comunistas de Fidel ou de Kim Jong Il.

    Ficamos à espera de saber com que fórmula concreta é que o "CNRT" pensa atingir esses ambiciosos objectivos.

    Ah! E já agora, registámos a ausência de Fernando Lasama, Mário Carrascalão e Xavier do Amaral...

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