Díli, 27 Abr (Lusa) - O ex-Presidente português Jorge Sampaio é um "profundo humanista e universalista" e a melhor escolha para alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações, disse hoje à agência Lusa o primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta.
"O secretário-geral Ban Ki-Moon não podia ter feito melhor escolha. O dr. Jorge Sampaio é um profundo humanista, universalista, conhecedor das grandes civilizações, culturas e sensibilidades humanas e políticas, poliglota e creio que é a melhor pessoa que podia ter sido escolhida (...) para esse cargo", afirmou o Nobel da Paz e candidato às eleições presidenciais timorenses.
Ramos-Horta acrescentou que "Timor-Leste quer participar activamente" nas acções que forem desenvolvidas por Jorge Sampaio ao mesmo tempo que, em nome pessoal, o candidato à chefia da mais nova Nação do mundo irá procurar ser um "colaborador activo de Jorge Sampaio neste diálogo das civilizações".
Numa nota emitida quinta-feira pelo seu gabinete, Jorge Sampaio dava conta de que iria ser o primeiro alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações, cargo que irá ocupar a convite do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon.
O convite ao ex-chefe de Estado foi feito directamente por Ban Ki-Moon, ficando Jorge Sampaio com um cargo equiparável, no sistema das Nações Unidas, a sub-secretário-geral.
A decisão do secretário-geral da ONU resulta de um relatório redigido por um Grupo de Alto Nível, que em Novembro de 2006 apresentou as suas conclusões sobre a "Aliança das Civilizações".
O relatório preconizava a nomeação de um alto representante das Nações Unidas com o objectivo de dar visibilidade e continuidade ao projecto da Aliança das Civilizações e de superintender a aplicação das recomendações contidas no documento.
A Aliança das Civilizações, uma iniciativa lançada em Agosto de 2005 pelo antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, conta com o co-patrocínio dos primeiros-ministros de Espanha e da Turquia.
"Justificando-se pelo aumento de tensões no mundo, do extremismo e de conflitos de raiz política, cultural e religiosa, a Aliança das Civilizações pretende ser um contraponto ao propalado choque de civilizações, que ameaçaria a paz e a estabilidade no mundo, e que nomeadamente oporia de forma inexorável as sociedades ocidental e muçulmana", refere o gabinete de Jorge Sampaio.
Sampaio irá ter, entre várias funções, as da promoção de iniciativas políticas para fomentar o diálogo e compreensão entre os povos no respeito pela diversidade das suas culturas, civilizações e religiões, bem como contribuir para o reforço da vontade política colectiva em abordar os problemas e desequilíbrios mundiais de forma concertada.
Está ainda previsto que o secretário-geral das Nações Unidas possa solicitar a colaboração do alto representante para a Aliança das Civilizações em períodos de crise, perante focos de conflitos causados por tensões culturais.
"No âmbito desta missão que lhe é agora confiada, o Dr. Jorge Sampaio reportará directamente ao secretário-geral, trabalhando em estreita colaboração com uma equipa 'ad-hoc' das Nações Unidas, que lhe dará todo o apoio administrativo, logístico e financeiro", refere o gabinete do ex-Presidente.
Segundo a mesma nota, "o alto representante deverá muito em breve debruçar-se sobre um plano de acção, preparado pelo Grupo de Alto Nível, que, depois de ajustado às suas próprias concepções e visão, apresentará ao secretário-geral das Nações Unidas".
Jorge Sampaio acumulará estas funções com as de enviado especial para a Luta contra a Tuberculose até Maio do próximo ano, data do fim deste mandato.
JCS/MSP-Lusa/fim
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