terça-feira, abril 24, 2007

"Lu Olo" declara rendimentos a bem da "transparência"



Dili, 23 Abr (Lusa) - O candidato da Fretilin às presidenciais timorenses, Francisco Guterres "Lu Olo" efectuou hoje publicamente a sua declaração de rendimentos e bens "numa iniciativa unilateral de transparência" que a lei não obriga mas que "todos deviam seguir".

"Lu Olo" afirmou em conferência de imprensa que os candidatos devem "ser totalmente transparentes perante o povo" e sublinhou que a sua atitude "deve ser seguida por todos os candidatos agora e no futuro".

"O povo espera que o seu presidente não seja afectado por considerações de benefício próprio ou ganho pessoal", disse "Lu Olo" ao salientar que a "falha em revelar os benefícios financeiros privados pode abrir a porta à má conduta e corrupção".

Na sua declaração pública o ainda líder do Parlamento Nacional - que apesar de falar como candidato deslocou-se à sede da Fretilin na viatura oficial e estava acompanhado por dois ministros e tinha na assistência o primeiro-ministro em exercício - garantiu não ter mais nenhum bem imóvel do que uns "terrenos tradicionais e uma casa em Ossu, distrito de Viqueque".

Acrescentou também não ter qualquer quotas em empresas locais ou estrangeiras, conta bancária em Timor-Leste ou no estrangeiro e que a sua única fonte de rendimentos "é o salário como presidente do Parlamento Nacional".

Instado a comentar se a sua atitude era um desafio ao seu adversário Ramos-Horta, "Lu Olo" respondeu apenas ser um "dever cívico e moral fazer a declaração" sublinhando também que os candidatos "não são obrigados pela lei mas tornam o processo mais transparente se o fizerem".

O candidato disse também "não acreditar" que os eleitores timorenses "sigam todos as orientações dos partidos" para que votem em Ramos-Horta na segunda volta e explicou que depois de na primeira volta ter dado a volta ao país a campanha que decorre será baseada no "trabalho dos militantes da Fretilin que deverão convencer pelo menos mais uma pessoa a votar" na candidatura do partido.

"Se cada um dos meus apoiantes conseguir convencer mais uma pessoa a votar na nossa candidatura então vamos atingir cerca de 220.000 votos e conseguir vencer as eleições", disse.
Lu Olo afirmou que não está "desiludido" com os resultados da primeira volta embora tivesse acreditado que poderia vencer a corrida presidencial logo a 09 de Abril.

O candidato, que suspendeu hoje e até 14 de Maio o seu mandato como presidente do Parlamento nacional, criticou ainda afirmações do seu adversário José Ramos-Horta que, segunda a imprensa, terá afirmado que se conquistasse o lugar de chefe de Estado iria solicitar ao Procurador a reabertura do processo de distribuição de armas a civis para que todos os seus responsáveis fossem julgados.

Recorde-se que neste processo, que condenou o ex-ministro Rogério Lobato a sete anos de cadeia, envolveu ainda na fase de investigação o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri tendo o Ministério Público arquivado o caso por falta de provas.

"O Ministério Público recebeu a queixa, investigou e não encontrou matéria para que o caso fosse a julgamento e por isso estas afirmações de Ramos-Horta são uma interferência no poder judicial que é independente e não devem receber estas interferências", afirmou.
JCS-Lusa/fim

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