Blog Do alto do Tatamailau - Terça-feira, Abril 10, 2007
Não há dúvida! Toda a gente resolveu "meter-se" com o Fundo Petrolífero de Timor Leste e com o facto de ter cerca de 1200 milhões de USD e a população não estar, para já, a usufruir deles!...
O que mais me espanta é que, mais uma vez, o actual Primeiro-Ministro, Ramos Horta --- deixe-se lá dessa história do hífen só porque não quer que os anglófonos lhe chamem José Horta... :-) --- tenha vindo, em entrevista a uma estação de TV portuguesa, dizer que tem muitas sugestões para fazer sobre a utilização dos recursos e que mal parece que estes não estejam a se utilizados!..
Mas vamos lá a ver se eu percebo...
O sr. é o Primeiro Ministro, não é? Há quase um ano, não é? E sabe também que quando o Orçamento Geral do Estado (2006-07) de Timor foi aprovado pelo Parlamento, já consigo como PM, ficou o Governo automaticamente autorizado a ir buscar ao Fundo Petrolífero um total de 260 milhões USD, cerca de 1/5 do seu saldo actual, mais ou menos, não sabe? E sabe também que o SEU governo, aquele de que é o responsável máximo, não levantou dinheiro nenhum, continuando os 260 milhões guardadinhos à sua espera, não sabe?
Se respondeu sim a todas as perguntas anteriores - e não tem como responder "não" a nenhuma delas (a não ser por incompetência, o que me recuso a aceitar que seja razão invocável) , então porque se queixa tanto? Ou não reparou que se está a queixar de si mesmo? Talvez valha a pena explicar a todos nós e, principalmente, ao povo timorense porque não diligenciou no sentido de (pelo menos) parte do dinheiro ser utilizado. E há tanta coisa a fazer, como VEXA reconhece!...
Porquê? Porquê? Porquê?!...
Até posso listar, para facilitar a tarefa e sem opinar sobre quais as mais importantes, algumas das explicações possíveis:
1) incompetência do Governo de que VEXA é o chefe e responsável máximo;
2) incapacidade do aparelho de Estado, como já todos anteviam desde antes da aprovação do Orçamento, "digerir" tanto dinheiro de uma forma eficaz;
3) a situação político-social, que reduziu ainda mais a já fraca capacidade de implementação de projectos e de organizar o gasto, proveitoso, do dinheiro disponível;
4) (e esta é um bocado maquiavélica mas, em tese, não deve ser excluída:) decisão, de quem devia decidir, de nada fazer pois "quanto pior, melhor" para determinado objectivo estratégico;
5) não foi necessário usar o dinheiro porque os doadores foram tão generosos, tão generosos, tão generosos que o Governo nem precisou de usar o dinheiro do FP, que até já estava de lado e tudo (a propósito: quantos projectos foram implementados utilizando os famosos 400 milhões de USD que o Fundo do Kuwait (salvo erro) ofereceu a Timor e que o sr. foi buscar de repente?)
E já reparou que se propõe fazer, quando não tem competência legal para o fazer (como PR), aquilo que não fez quando tinha/tem competência legal para o fazer (agora, como PM)? Tou certo ou tou errado?!... É giro, não é?!... Ou serei eu que estou contuso? (não me enganei: é mesmo conTuso e não conFuso... É que com tanta asneira que tenho ouvido/lido ultimamente...)
Moral da história: VEXA ainda há-de chegar à conclusão de que o problema de Timor não é a escassez de "massa" (dinheiro, pilim, cacau, aquilo com que se compra a areca...) mas sim a de "massa" cinzenta para utilizar devidamente a referida e supra citada "massa", a outra, a do pilim!. Por isso é que seria importante baixar as expectativas da população em relação ao que pode ser feito, em vez de andar a encher os ouvidos e os sonhos delas com "mundos e fundos". Quando lhe começarem a "cobrar" os empregos que dificilmente irão ser criados - refiro-me aos produtivos, claro; os outros ate podem ser criados com facilidade... Basta "dar" mais qualquer coisa.
Só mais uma coisinha: já reparou que com tanta promessa de que vai "dar" isto a uns, "dar" aquilo a outros, "dar" aqueloutro ao senhor que está no fim da fila, mais "dar" casas para o Jaquim, o Manel, a Alzira, etc. pode estar a contribuir criar um país de dependentes do Estado para tudo e para nada? Acha isso saudável? Acha que é sobre essa "massa" que se constrói um país? Duvido! Conhece algum país assim? Espero bem que Timor não venha estrear a espécie...
Publicada por Manuel Leiria de Almeida
Esta é a realidade o problema não é a falta de dinheiro, o dinheiro é tão simplesmente um burro para a gente montar... Nada mais.
ResponderEliminarO que é necessário são bons cavaleiros... Isto é para bom entendedor massa cinzenta, know how etc....Estes são os verdadeiros dramas, na procura de um desenvolvimento sustentado e consistente.
É urgente ser-se carinhoso,sem dúvida, mas também ao mesmo tempo determinado e objectivo para se construir um País - Os Timorenses merecem um bom líder, um líder que não engane o honroso povo de Timor Leste.
Malai X
muito contundente.
ResponderEliminarGostei