Reuters/Último Segundo (Brasil) – 13/04 - 11:10
Dili - A comissão eleitoral do Timor Leste criticou na sexta-feira a entidade responsável pela organização da votação presidencial desta semana por não ter dado treinamento adequado aos funcionários e esclarecimentos ao eleitorado.
A votação de segunda-feira foi tranquila, mas durante a semana surgiram várias acusações de irregularidades, levando alguns candidatos a pedir uma recontagem.
'O Stae (Secretariado Técnico para a Administração Eleitoral) e as autoridades de campo não levaram a sério o cumprimento de seus trabalhos', disse em entrevista coletiva Martinho Gusmão, porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), encarregada de supervisionar o processo.
'As autoridades das seções eleitorais cometeram erros graves, e os eleitores não sabiam como depositar seus votos.'
Gusmão disse que em vários distritos, inclusive na capital, Dili, os números do comparecimento eleitoral não batem com o de votos nas urnas. 'Houve muitas inconsistências eleitorais, e o CNE tem de resolver as coisas dentro de 72 horas.'
Os resultados preliminares indicam que haverá um segundo turno, em 8 de maio, entre o ex-guerrilheiro Francisco Guterres, o Lu-Olo, do partido governista Fretilin, e o independente José Ramos-Horta, Nobel da Paz e atual primeiro-ministro, que apontou várias irregularidades e disse que o pleito deveria ter sido organizado pela ONU.
'A palavra 'caótico' é apropriada diante do que sabemos agora', disse ele a jornalistas. 'Fiz um alerta há meses ao Conselho de Segurança (da ONU) e ao meu próprio governo de que seria melhor que as Nações Unidas gerenciassem completamente a eleição. Podemos ver agora que há sérias dúvidas, dúvidas graves, sobre a integridade do Stae.'
A CNE rejeitou os pedidos de cinco candidatos para que houvesse recontagem, mas disse que todas as queixas serão submetidas à Justiça. Os observadores da União Européia declararam que a eleição transcorreu normalmente, com elevado comparecimento.
O exaustivo processo eleitoral e as posteriores acusações podem complicar novamente a governabilidade deste miserável país, independente há cinco anos e ainda marcado por profundas divisões.
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