segunda-feira, abril 16, 2007

CNE nega recontagem de votos

Jornal de Noticias – 14 de Abril de 2007

Orlando Castro

"Não haverá repetição parcial das eleições em Timor-Leste, nem congelamento de resultados, nem recontagem", afirmou ao JN o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Mas será mesmo assim? "É mesmo assim", corrobora Faustino Cardoso, realçando que "as falhas detectadas não justificam as pretensões de alguns candidatos porque, de facto, as correcções não vão alterar a posição relativa dos candidatos".

De opinião diferente é o porta-voz da CNE, que admite uma repetição parcial da votação porque, diz, "a soma de votos não bate certo com o total de votos válidos e nalguns casos a diferença é de 100". Martinho Gusmão fala mesmo de "irregularidades muito graves nos distritos de Aileu, Ainaro, e Bobonaro", e de "desastre" em Díli.
Faustino Cardoso reconhece que a última palavra cabe ao Tribunal de Recurso, mas adianta que a "CNE não vê razões práticas para tanta polémica". "É claro que os candidatos aproveitam todas as pequenas falhas, que existiram, de modo a que, juntando-as, se fique com a ideia de que houve um grande erro", diz o presidente da CNE, acrescentando que este órgão não recebeu dos candidatos "nenhuma reclamação substancial que reflectisse a matéria de facto que é plasmada na comunicação social".

Quanto à divergência de posições com o porta-voz da CNE, Faustino Cardoso explica que as afirmações de Martinho Gusmão são "algumas vezes descontextualizadas, para além de não vincularem formalmente a CNE".

O presidente da CNE confirma que os resultados finais serão entregues amanhã ao Tribunal de Recurso, respeitando o prazo legal estipulado, e recorda que, "a partir daí, as reclamações, queixas ou impugnações têm 24 horas para serem apresentadas".

Contactado pelo JN, José Manuel Fernandes, assessor do candidato "Lu Olo" (que com Ramos-Horta disputará a segunda volta no próximo dia 9), afirma que "existiram erros e falhas, muitos provocados pela inexperiência do país em matéria de organização de eleições, mas que não justificam nada do que é exigido pelos adversários de Lu Olo". "Se calhar Lu Olo até terá sido o mais prejudicado pelos erros, mas nem por isso vamos impugnar as eleições", acrescentou José Manuel Fernandes.

Pouco satisfeito com o processo está Ramos-Horta, que garante que é preciso repor a legalidade e averiguar o que se passou, nem que seja necessário "haver uma nova contagem". "Para ilegalidades não contem comigo", diz Horta.

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