Diário Digital/Lusa
01-03-2007 11:57:00
O major Alfredo Reinado, cercado há dois dias por tropas australianas, pediu ontem, via sms, «diálogo e negociação» à Presidência da República, disse à Lusa um deputado que se encontra em Same (Sul do país).
As Forças de Estabilização Internacionais (ISF) mantêm o cerco a Alfredo Reinado, que hoje ao fim da manhã «dirigiu uma comunicação à população de Same, no centro da vila», afirmou à Lusa o deputado Leandro Isaac.
Durante o contacto telefónico com Leandro Isaac, podia ouvir-se em fundo a intervenção de Alfredo Reinado, por altifalante, intercalada de aplausos da população e do ruído de um helicóptero.
Helicópteros de reconhecimento e de combate das ISF sobrevoam Same e a região montanhosa circundante desde segunda-feira.
As mensagens escritas por telemóvel foram enviadas a um assessor do Presidente da República e ao procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, acrescentou Leandro Isaac.
«Excelências: uma vez mais digo-vos que a solução para esta crise é assim como eu vos digo. A solução para a crise é isto: DIÁLOGO e NEGOCIAÇÄO (sic). O senhor procurador-geral deve responsabilizar-se por seguir o caminho legal da justiça. Obrigado se o aceitarem», concluía a mensagem de Alfredo Reinado a que a Lusa teve hoje acesso também via sms.
Alfredo Reinado esperava hoje poder receber a visita de Longuinhos Monteiro em Same, adiantou ainda Leandro Isaac.
«O único sentido dessa oferta de negociação é, talvez, a de ganhar tempo», comentou uma fonte do governo contactada pela Lusa.
«A posição dos órgãos de soberania é muito clara neste caso e o procurador-geral da República, se se encontrar com Reinado, é para o prender», frisou a mesma fonte.
O brigadeiro Mal Rerden, comandante das ISF, reafirmou hoje que «Reinado apenas tem uma saída, entregar as armas e render-se».
«É bom que todos compreendam que tudo o que está a acontecer é da responsabilidade de Alfredo Reinado», declarou o brigadeiro australiano na conferência de imprensa semanal da missão internacional em Timor-Leste (UNMIT).
«A solução tem que ser entendida pelo povo de Timor-Leste, mas as consequências são totalmente culpa de Reinado», insistiu o comandante das ISF.
«Se ele se importa com o povo timorense e com as pessoas que estão com ele, deve entregar as armas agora e render-se», repetiu o brigadeiro Mal Rerden quando questionado sobre a situação dos civis que se encontram dentro do cerco.
O brigadeiro das Forças de Defesa Australianas, que têm cerca de 800 militares nas ISF, não revelou detalhes operacionais e explicou que «não há qualquer especulação» da sua parte sobre o cerco a Alfredo Reinado.
Algum, «muito pouco», pessoal civil das Nações Unidas que estava em Same em apoio ao processo eleitoral foi retirado da localidade, informou Atul Khare, representante especial do secretário-geral da ONU.
«Não há razão para uma evacuação em massa da população em Same», acrescentou Atul Khare, que pediu para que a situação no local «não seja dramatizada, porque não é dramática».
«Saúdo o apelo do Presidente ao povo timorense para manter a calma», afirmou Atul Khare, referindo-se à comunicação de Xanana Gusmão ao país, segunda-feira passada.
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