segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A poucos meses das presidenciais em Timor

Alkatiri exige desculpas por parte de Xanana
O ex-primeiro-ministro deverá agora oficializar a sua candidatura


Semanário, 09/02/07

Estarão reunidas de novo as condições para que o secretário-geral da Fretilin, Mário Alkatiri, se possa candidatar às próximas eleições presidenciais, a realizarem-se já em Abril. O alegado envolvimento do então primeiro-ministro na distribuição de armas a civis em Junho de 2006, custou-lhe o cargo, mas o processo foi agora arquivado pela Procuradoria-Geral da República, situação que poderá abrir as portas a uma candidatura presidencial.

Acusado de ter mandado eliminar adversários políticos e de ter financiado o armamento de civis, Mário Alkatiri viu agora o seu envolvimento ser arquivado pela Procuradoria-Geral da República de Timor.

Alkatiri exige agora um pedido de desculpas por parte do Presidente Xanana Gusmão e do seu substituto no cargo, Ramos-Horta, por terem obrigado o então primeiro-ministro a demitir-se. Em conferência de imprensa, Alkatiri acrescentou ainda que reunia todas as condições para se candidatar às eleições presidenciais de Abril. “Que de futuro não haja mais golpes, baixos ou não. Irei entregar-me totalmente ao processo eleitoral, para mostrar de que lado está o povo”, afirmou o agora deputado.

Com a aproximação das eleições, as Nações Unidas temem um agravamento das tensões entre apoiantes das várias facções políticas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sugeriu mesmo a ampliação da missão internacional por mais um ano, a Unmit, e ainda um reforço das forças de segurança.

Num relatório apresentado ao Conselho de Segurança, Ban reconhece que a situação em Timor-Leste melhorou nos últimos meses, mas continuam a verificar-se algumas deficiências especialmente na capital Díli.

A Unmit é composta por 1000 militares e 37 observadores militares e o seu mandato termina em 25 de Fevereiro, caso a proposta de Ban não vá para a frente.

À parte de Mari Alkatiri, outros nomes surgem para substituir Xanana Gusmão na presidência. O comandante das Forças Armadas, o brigadeiro Taur Matan-Ruak, é uma hipótese admitida na imprensa australiana desde há mess, enquanto em Timor circula com alguma insistência o nome do bispo de Dili, D. Ximenes Belo.

Com poucas probabilidades de avançar para uma candidatura surge o actual primeiro-ministro, José Ramos-Horta, que apenas admite concorrer à presidência “in extremis” e caso não surja mais nenhum candidato.

Confirmada está também a candidatura da vice-presidente do Partido Social Democrata, Milena Pires.

É temida uma nova escalada de violência por altura das presidenciais, que terão a sua primeira volta a 9 de Abril. Desde a sua independência, Timor-Leste tem tido muitas dificuldades na afirmação do modelo democrático de governação, após anos de autoridade indonésia no território e os acontecimentos do último Verão foram os mais graves desde que o território ganhou autonomia. Os confrontos causaram 30 mortos e 150 mil deslocados e puseram a nu todas as fragilidades das forças de segurança que tentam assegurar a paz em Timor.
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