domingo, janeiro 07, 2007

De um leitor

Meu caro Malai Azul:

As melhores saudações.

Mais uma vez lhe reafirmo a muita falta que senti pela não actualização deste Blog na altura do Natal.

Felizmente recebi uma consolação: pessoa amiga ofereceu-me o precioso livro do Professor José Mattoso "A DIGNIDADE" Konis Santana e a Resistência Timorense.

Fiz deste livro a minha companhia preferida na quadra natalícia. Foi uma leitura em ritmo muito calmo, saboroso e com profunda introversão e análise. Porque tive a felicidade de viver em Timor cerca de três anos e percorri, em serviço, todo o antigo Timor Português, por quatro vezes (gastando mais de um mês em cada deslocação), com a leitura deste livro fui levado em viajem virtual por tantos lugares saudosos, ali magistralmente descritos.

O livro "Konis Santana e a Resistência Timorense" retrata bem a figura ímpar deste jovem herói dos nossos tempos, e, sobretudo, o enorme sofrimento e poder de resistência e de abnegação do povo durante a selvática ocupação dos indonésios.

Por certo que o Malai Azul já conheçe esta valiosa obra da História recente de Timor. Por isso peço-lhe que tudo faça para que este livro do Professor José Mattoso seja lido e meditado, especialmente, por toda a juventude timorense.

Eu fiquei simplesmente impressionado com os relatos de tantos heróis da Resistência Timorense. Que grande lição para o mundo!

Ao mesmo tempo penso no grande paradoxo da actual crise timorense. Como é possível acontecerem tão trágicos eventos?

Talvez Taur Matan Ruak, como futuro Presidente da República de Timor Leste, consiga o milagre da paz e da união entre toda a família timorense.

Gostaria de não subscrever o escrito deixado por Konis Santana, que finaliza o livro que estou a referir: "Hau hanoin katak funu ka terus sei nafatin" - "Creio que a luta e o sofrimento nunca acabam".

Ou então a luta tem que ser, sim, pelo desenvolvimento e bem-estar dos timorenses; mas o sofrimento tem mesmo de acabar, porque a terra sagrada de Timor já está demasiado regada com o sangue de milhares de mártires. Mártires que têm de ser honrados e justiçados e nunca morrerem na memória de todos aqueles que, de uma forma consciente, têm a imperiosa obrigação de ser continuadores exemplares da nobre nação timorense.

Para si, Malai Azul e sua equipa um forte abraço de muita admiração e estima.

Bom Ano de 2007, sobretudo com muita PAZ.

Joaquim Fonseca

Monsanto
Portugal

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