Público – 16 Janeiro 2007
Jorge Heitor
A Comissão Verdade e Amizade entre Timor-Leste a Indonésia (KKP), de Jacarta, vai recomendar uma amnistia para os responsáveis pelas atrocidades cometidas em território timorense no ano de 1999. Isto no caso de eles reconhecerem a sua participação nos acontecimentos e pedirem desculpa pelo que fizeram, noticiou ontem o jornal The Age, de Melbourne.
Anteriormente, já a agência noticiosa indonésia Antara anunciara que a KKP tenciona convidar sete dezenas de pessoas a pronunciarem-se sobre esse conturbado período, devendo os depoimentos ser feitos entre Fevereiro e Junho deste ano. Quase em simultâneo com a campanha para as presidenciais e as legislativas que Timor-Leste deverá ter durante os próximos meses.
O responsável pela comissão, Benyamin Mangkoedilaga, especificou que alguns dos convites deverão ser dirigidos ao homem que era na altura o Presidente indonésio, Habibie, ao antigo comandante das Forças Armadas general na reserva Wiranto, ao Chefe de Estado de Timor-Leste, Xanana Gusmão, e ao bispo resignatário de Díli, monsenhor Ximenes Belo. Mais de 1.200 pessoas foram então mortas e mais de 250.000 tiveram de ir viver para acampamentos de refugiados na parte ocidental e indonésia de Timor, tendo as Nações Unidas culpado milícias dirigidas pelos militares indonésios de violações, torturas e execuções em massa. A única pessoa que por isso está a cumprir pena, na Indonésia, é o então comandante de milícias Eurico Guterres.
Enquanto se procura esclarecer de uma vez por todos tudo o que aconteceu depois de os timorenses terem optado por se tornarem independentes, o jornal The Australian noticiou ontem que poderá estar próxima a detenção do major rebelde Alfredo Reinado, sob o qual paira acusações de assassínio.
O foragido evadiu-se em 30 de Agosto da prisão de Becora, alegando depois disso que estava inocente e que só se entregaria quando houvesse condições para um julgamento justo. Na sexta-feira da semana passada um tribunal mandou para a cadeia três soldados e um alto quadro da polícia, considerando a imprensa australiana que isto poderá contribuir para resolver a situação do major Reinado e outros aspectos de toda a violência que durante o ano passado se verificou em Timor-Leste.
Por outro lado, nos últimos dias demitiram-se o comandante da polícia timorense, Paulo Martins, e os seus dois adjuntos, sem que até agora tivessem sido dadas explicações para o facto.
Entretanto, em mais uma prova de que, por mais que se faça, nada consegue deter de forma definitiva a violência em Timor-Leste, a polícia das Nações Unidas anunciou ontem o primeiro morto do ano iniciado há 15 dias. E está a investigar as circunstâncias em que se verificou esse caso: um jovem cujo corpo foi encontrado domingo numa estrada do bairro de Comoro, na zona ocidental da capital.
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Admitida candidatura presidencial do bispo resignatário Ximenes Belo
ResponderEliminarPúblico, 16 de Janeiro de 2007
Em Timor-Leste, alguns sectores católicos admitem a hipótese de uma candidatura presidencial do bispo resignatário de Díli, Carlos Filipe Ximenes Belo (na foto), mas ontem o líder do Grupo Mudança (facção contestatária da Fretilin), Vicente Ximenes Maubosy, avançava outras hipóteses, como o primeiro-ministro, José Ramos-Horta. O chefe do Governo, que em 1996 partilhou o Nobel da Paz com Ximenes Belo, sugerira recentemente o nome do chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa, Taur Matan Ruak, que aliás já fora também referido na imprensa australiana. Estando ainda por definir uma data das eleições para a sucessão de Xanana Gusmão, que em princípio deverá recair em Abril, as mais diversas sugestões que têm aparecido na imprensa local incluem ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Luís Guterres, e o líder do Partido Social Democrata, Mário Viegas Carrascalão, que governou o território, de 1983 a 1992, em nome da Indonésia.
http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2007&m=01&d=16&uid=&id=116882&sid=12948
Recomendação de uma amnistia para Timor-Leste
Público, 16 de Janeiro de 2007
Por: Jorge Heitor
Habibie, Wiranto e Xanana vão ser convidados a prestar depoimentos sobre as atrocidades de 1999
A Comissão Verdade e Amizade entre Timor-Leste a Indonésia (KKP), de Jacarta, vai recomendar uma amnistia para os responsáveis pelas atrocidades cometidas em território timorense em 1999. Isto, no caso de os visados reconhecerem a sua participação nos acontecimentos e pedirem desculpa, noticiou ontem o jornal australiano The Age, de Melbourne.
Anteriormente, já a agência noticiosa indonésia Antara anunciara que a KKP tenciona convidar sete dezenas de pessoas a pronunciarem-se sobre o conturbado período de 1999, devendo os depoimentos ser feitos entre Fevereiro e Junho do ano corrente. Ou seja, quase em simultâneo com a campanha para as presidenciais e as legislativas previstas para os próximos meses.
O responsável pela Comissão, Benyamin Mangkoedilaga, especificou que alguns dos convites deverão ser dirigidos ao homem que era na altura o Presidente indonésio, Habibie, ao antigo comandante das Forças Armadas general na reserva Wiranto, ao actual chefe de Estado de Timor-Leste, Xanana Gusmão, e ao bispo resignatário de Díli, monsenhor Ximenes Belo.
Em 1999, mais de 1200 pessoas foram mortas e mais de 250 mil forçadas a viver em acampamentos de refugiados na parte ocidental e indonésia de Timor. As Nações Unidas responsabilizaram milícias dirigidas pelos militares indonésios de violações, torturas e execuções em massa. O único suspeito que está a cumprir pena, na Indonésia, é o então comandante de milícias Eurico Guterres.
Enquanto se procura esclarecer o que aconteceu depois de os timorenses terem optado pela independência, o jornal The Australian noticiou ontem que poderá estar próxima a detenção do major rebelde Alfredo Reinado, sobre quem pairam acusações de assassínio. O foragido evadiu-se em 30 de Agosto da prisão de Becora, alegando depois disso que estava inocente e só se entregaria quando houvesse condições para um julgamento justo.
Investigação da ONU
Na sexta-feira da semana passada, um tribunal mandou para a cadeia três soldados e um alto quadro da polícia timorense, considerando a imprensa australiana que isto poderá contribuir para resolver a situação do major Reinado e esclarecer o que aconteceu em 2006 em Timor-Leste.
Foi também noticiado que, nos últimos dias, se demitiram o comandante da polícia timorense, Paulo Martins, e os seus dois adjuntos, sem que até agora tivessem sido dadas explicações para o facto.
Por seu turno, a polícia das Nações Unidas anunciou ontem o primeiro morto deste ano, estando a investigar as circunstâncias em que se verificou este caso: um jovem cujo corpo foi encontrado domingo numa estrada do bairro de Comoro, na zona ocidental da capital, Díli.
http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2007&m=01&d=16&uid=&id=116881&sid=12948