Estas imagens do chamado "seminário" não deixam margem de dúvida que o evento não passou de uma reunião de coordenação e confraternização de conspiradores, criminosos, desertores, cobaias, neo-imperiais, etc...
Provocam-me o sentimento de uma grande tristeza e desilusão com o que actualmente está a passar-se em Timor, e o pessimismo cada vez maior quanto ao seu futuro está começar a respirar em mim.
O PR Timorense, inegavelmente uma das mais merecidas personagens da resistência Timorense logrou devido à luta exemplar e heróica contra a ocupação indonésia um grande respeito de todos, mesmo dos seus inimigos, para um Estado jovem que ia ser construído.
Hoje em dia podemos à maneira das palavras suas recentemente proferidas dizer: "Xanana que deixastes na luta contra a ocupação indonésia já não é mesmo homem, não é o mesmo Xanana".
O Xanana passou para a história.
Sucedeu-lhe um político magoado com o próprio esforço de longos e amargurados anos passados no mato que lhe valeu apenas uma representação algo rematada para a sombra e que só veio a beneficiar os "srs. d`tores" que não sabem nem nunca hão da saber o que é uma vida quase, uma juventude perdida.
Sente-se magoado e não preparado talvez para uma sociedade civil que tinha necessariamente que emergir depois de terminada a luta de guerrilha.
O surgimento da sociedade civil é intrínseco à pluralidade, diversificação, massificação, renovação de recursos humanos e outros fenómenos sociais.
O Presidente parece ter a dificuldade de entender que os tempos mudam. E que cada período do tempo traz consigo novos actores sociais e políticos.
Esquece-se também que esses actores têm que ter aceitação da sociedade em geral para validar a sua acção. E que esta tem que ser positiva e ter em conta interesse geral.
Pensará o PR que aquilo que ele pensa ser melhor para Timor o realmente será?
Como fazer distinção entre o objectivo e os meios utilizados não fossem eles tão arrepiantes e tão desprestigiantes?
Como associar uma sociedade timorense hipoteticamente melhor aos meios com que se tenha alcançado?
Como desassociar o objectivo pretendido da injustiça generalizada na sua consecução?
Aqui é que reside a ruptura do PR com o passado e os valores.
Cortando com tudo isto ela está claramente a demonstrar ruptura de identidade do actual Presidente da República Alexandre Gusmão com o heróico Xanana.
Enganoso é ele crer que pessoas na generalidade ainda o vejam como Xanana. O que se vê é um Presidente da República que em tempos era um mito, uma lenda viva. Nem as lendas duram para sempre.
Espero que o povo de Timor-Leste saiba fazer esta distinção entre imagem e personagem.
É o povo Timorense que sofreu nas mãos de um ocupante durante 25 anos, é esse mesmo povo que teve uma enorme coragem para dizer "sim" no referendo em 1999 e que escolheu o seu Governo e seu Presidente.
É o povo que deve dizer em próximas eleições como quer que seja o seu futuro.
Ignorando-se a vontade popular através da imposição ditatorial e oligárquica de ideias abstractas esvaziadas de interesse colectivo e de princípios e valores supremos só trará futuramente mais problemas que soluções a Timor-Leste, abrindo novas e maiores feridas.
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